25 de outubro de 2015

Evitar um coração

"... estou apenas começando a entender - não escolhemos nosso próprio coração. Não temos como nos forçar a querer o que é bom para nós ou o que é bom para outras pessoas. Não escolhemos ser as pessoas que somos."


Mas eu queria, como eu queria escolher quem eu sou, como é meu coração, como são meus sentimentos mais vergonhosos, minhas inseguranças mais pequenas, minha estupidez em chorar escondida enquanto tomo banho. Como eu queria escolher plenamente quem sou, escolher em ser a melhor pessoa, a pessoa certa.



"Não se trata de aparências externas, mas de significado interno. Uma grandeza no mundo, mas não do mundo, uma grandeza que o mundo não entende. Aquele primeiro vislumbre de alteridade pura, em cuja presença você floresce mais e mais e mais. 

Um eu que não se quer. Um coração que não se pode evitar."


Mas eu gostaria de evitar, muitas vezes gostaria de evitar meu coração.

*Trechos do livro O Pintassilgo, de Donna Tartt.

8 de outubro de 2015

De tempos em tempos

De tempos em tempos eu me sinto uma pessoa péssima, me sinto pequena, me sinto menor, um pouco errado além do tolerável. 

De tempos em tempos eu crio pra mim mesma uma espécie de lista mental de coisas que não posso falar ou fazer, porque não quero chatear as pessoas.

De tempos em tempos eu chateio as pessoas, porque não consegui manter a lista.

De tempos em tempos eu confio que vou conseguir deixar velhos hábitos para trás.

De tempos em tempos eu repito velhos hábitos.

De tempos em tempos eu não gosto de mim e me esforço para gostar.

De tempos em tempos eu gosto de mim, até fazer algo que me sinta pequena de novo.

De tempos em tempos eu escrevo aqui, porque é um espaço pequeno, como as vezes me sinto e porque é compartilhado com um grupo pequeno, no qual não tenho medo de me mostrar pequena, ainda que seja apenas uma sensação igualmente pequena.

Tudo muito pequeno.

4 de outubro de 2015

Eu descobri que existe um jeito errado de amar e descobri que eu não sei fazer do jeito certo.

E absolutamente não sei o que fazer, porque, embora certas mudanças sejam possíveis, eu me sinto neste momento meio incapaz em aprender a amar de um jeito bonito.

Acho que meu amor é espinhoso.

1 de outubro de 2015

Terapia

De tempo em tempo eu sinto saudade da minha psicóloga. Estava tentando entender porque sinto tanta falta e porque não é a mesma coisa que conversar com um amigo.

Eu não tinha medo de ser eu mesma e correr o risco dela me julgar mal e se afastar. Ela não me amava, então não precisava tomar cuidado com quem eu era. Não tinha medo em me mostrar, eu não perderia nada. Na verdade só ganhava.

A saudade dela talvez seja de mim, talvez seja apenas egocentrismo meu...