22 de janeiro de 2015

O barulho que eu faço

Há uns dois meses eu decidi dar um tempo de escrever aqui, embasada na ideia de que a paz e o silêncio que eu precisava, talvez estivesse justamente no barulho que eu fazia ao escrever. Me serviu para algumas coisas, não sei se positiva, às vezes parece que me fechei mais no que eu sinto. Muitas coisas antes eu queria compartilhar, hoje eu apenas fico quieta e deixo passar. 

Eu tinha a ideia de que a maturidade me pouparia de certos sentimentos, de certos conflitos, mas o máximo que consegui foi fingir. Fingir que não ligo, fingir que entendo, fingir que não me chateei. Na verdade eu já falei em algum momento da minha vida, meio que brincando, que maturidade é quando você consegue fingir que não liga para algo e convence outra pessoa disso. Toda brincadeira tem seu fundo de verdade.

Eu finjo muito mal, não sei ser madura em nenhuma das esferas, seja em não sentir ou em fingir. Eu tenho 33 anos e não sei lidar com sentimentos que, quando tinha 15 anos, imaginava tirar de letra com esta idade de adulta.

A minha suposta maturidade veio de um jeito torto, veio pelo medo de não agradar, veio pelo medo de ser como eu sou. E o discurso "seja quem você é" de fato é verdadeiro e bonito, mas na vida real, na hora que você sente medo e sente aquela hostilidade da outra parte, muitas vezes fica aquela vontade de ser uma pessoa diferente do que se é. 

Eu tenho algumas sombras comigo que carrego em segundo plano, como a ideia de que sou chata, de que sou grosseira, controladora demais e outras coisas. São ideias plantadas desde cedo sobre quem eu sou. Não sou inocente de achar que essas concepções se criaram gratuitamente, eu sei que tenho culpa em cada uma delas. O negócio é que eu vou me blindando, vou tentando construir um muro para que isso não chegue em mim, que não me afete e me faça acreditar que sou tudo isso de ruim que pensam de mim, mas às vezes cai um tijolo, desmorona tudo e aquilo que eu tentava me proteger, me acerta. Talvez o muro não seja uma boa ideia afinal, talvez quando eu for madura o suficiente essas coisas não irão mais me atingir.

Sim, claro que posso mudar, eu já mudei, mas hoje eu estou assim, sou imatura em uma caralhada de coisas e sinto uma angustia no peito quando me percebo dessa forma, como aconteceu hoje e justamente por isso que eu decidi escrever, porque senti que cheguei na boca do balde, que pode vazar toda a imaturidade que eu tento esconder e escrever é um modo de escoar isso de forma mais segura.

Eu gostei do silêncio por aqui, mas talvez não seja, para mim, o melhor método no processo construtivo de mudança. Quebrar muro faz barulho.




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