26 de janeiro de 2015

Obrigada, Chimamanda

Eu estou lendo o livro Americanah, da Chimamanda Ngozi Adichie e a minha vontade é de falar para todo mundo ler, estou naquele ponto de achar tudo tão bom, tão coerente e iluminador, que acho injusto algumas pessoas não terem o prazer de poder ler o que ela escreve, tanto que vim aqui escrever sobre isso.

Eu não vou tentar fazer resenha, primeiro porque não terminei o livro e segundo porque não acho que estaria à altura. Definitivamente é um livro para se ler por completo, resenhas não cabem bem.

O que eu posso dizer é que há pouco mais de uma semana, eu tenho me sentindo quase tonta com as coisas que a autora traz, confesso, com um pouco de vergonha, que são coisas que eu não tinha pensado e nem tinha notado, mas acredito que nunca é tarde para descortinar coisas que estão fora do nosso campo de visão.

O livro fala de racismo, de feminismo, de romance, de força e de sentimentos comuns a todos nós. Parece genérico falando assim, né? Mas é porque eu não consigo sintetizar o livro, me sinto meio entorpecida e parece que o que tento dizer é menor perto do livro.

Bom, se você, assim como eu até então, não conhecia a Chimamanda Ngozi Adichie, faça um favor a si mesmo e conheça. Se não tem como ler o livro agora, tem dois vídeos de palestras dela bem bons, que eu acho que são até bem famosos, mas eu também não conhecia.

Esse que ela fala sobre o perigo de acreditar e ouvir uma única história.



E esse, um discurso chamado "Sejamos todos feministas" que também você pode baixar gratuitamente aqui ou aqui para ler ele na integra.

E se nenhuma das minhas palavras te convenceu a ler o que ela tem a dizer, deixo um trecho do discurso dela em "Sejamos todos feministas" aqui embaixo :)

"Perdemos muito tempo ensinando as meninas a se preocupar com o que os meninos pensam delas. Mas o oposto não acontece. Não ensinamos os meninos a se preocupar em ser “benquistos”. Se perdemos muito tempo dizendo às meninas que elas não podem sentir raiva ou ser agressivas ou duras, elogiamos ou perdoamos os homens pelas mesmas razões. Em todos os lugares do mundo, existem milhares de artigos e livros ensinando o que as mulheres devem fazer, como devem ou não devem ser para atrair e agradar aos homens. Livros sobre como os homens devem agradar às mulheres são poucos."




22 de janeiro de 2015

O barulho que eu faço

Há uns dois meses eu decidi dar um tempo de escrever aqui, embasada na ideia de que a paz e o silêncio que eu precisava, talvez estivesse justamente no barulho que eu fazia ao escrever. Me serviu para algumas coisas, não sei se positiva, às vezes parece que me fechei mais no que eu sinto. Muitas coisas antes eu queria compartilhar, hoje eu apenas fico quieta e deixo passar. 

Eu tinha a ideia de que a maturidade me pouparia de certos sentimentos, de certos conflitos, mas o máximo que consegui foi fingir. Fingir que não ligo, fingir que entendo, fingir que não me chateei. Na verdade eu já falei em algum momento da minha vida, meio que brincando, que maturidade é quando você consegue fingir que não liga para algo e convence outra pessoa disso. Toda brincadeira tem seu fundo de verdade.

Eu finjo muito mal, não sei ser madura em nenhuma das esferas, seja em não sentir ou em fingir. Eu tenho 33 anos e não sei lidar com sentimentos que, quando tinha 15 anos, imaginava tirar de letra com esta idade de adulta.

A minha suposta maturidade veio de um jeito torto, veio pelo medo de não agradar, veio pelo medo de ser como eu sou. E o discurso "seja quem você é" de fato é verdadeiro e bonito, mas na vida real, na hora que você sente medo e sente aquela hostilidade da outra parte, muitas vezes fica aquela vontade de ser uma pessoa diferente do que se é. 

Eu tenho algumas sombras comigo que carrego em segundo plano, como a ideia de que sou chata, de que sou grosseira, controladora demais e outras coisas. São ideias plantadas desde cedo sobre quem eu sou. Não sou inocente de achar que essas concepções se criaram gratuitamente, eu sei que tenho culpa em cada uma delas. O negócio é que eu vou me blindando, vou tentando construir um muro para que isso não chegue em mim, que não me afete e me faça acreditar que sou tudo isso de ruim que pensam de mim, mas às vezes cai um tijolo, desmorona tudo e aquilo que eu tentava me proteger, me acerta. Talvez o muro não seja uma boa ideia afinal, talvez quando eu for madura o suficiente essas coisas não irão mais me atingir.

Sim, claro que posso mudar, eu já mudei, mas hoje eu estou assim, sou imatura em uma caralhada de coisas e sinto uma angustia no peito quando me percebo dessa forma, como aconteceu hoje e justamente por isso que eu decidi escrever, porque senti que cheguei na boca do balde, que pode vazar toda a imaturidade que eu tento esconder e escrever é um modo de escoar isso de forma mais segura.

Eu gostei do silêncio por aqui, mas talvez não seja, para mim, o melhor método no processo construtivo de mudança. Quebrar muro faz barulho.