26 de abril de 2014

"Você pensa demais."
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E como eu faço para não pensar? Porque para não querer pensar demais eu já estou pensando e me esforçar para não pensar, já é pensar.
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Acho que os problemas sentimentais surgiram quando o homem começou a dar nomes para as coisas, para as sensações e emoções. 
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Queria saber quem foi a primeira pessoa do mundo que sentiu o que era o amor e decidiu chamá-lo assim. Embora que não sei o que faria se soubesse isso, provavelmente nada, mas junto com isso de dar nome aos sentimentos, coisas e sensações, vem também a vontade de querer saber das coisas.
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Saber coisas que muitas vezes nem é bom saber, coisas que eu não deveria querer saber, assim como coisas que eu não deveria querer nem pensar.
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Mas eu penso demais.







23 de abril de 2014

A tecnologia e a faquinha de serra

Tem algumas coisas que funcionam como faquinha de serra na minha vida, sabe? Não corta, não arranca pedaço, mas fica ali, machucando, incomodando.

Eu não sei lidar bem com mentira ou omissão, quer dizer, acho que ninguém sabe, falando assim pareço aquelas pessoas que falam "odeio corrupção" mas né? Afinal quem gosta? "Alô, se liga aí na colocação!". Na verdade, embora eu não concorde com mentiras ou omissões, eu até entendo que elas acabam sendo usadas por diversos motivos. Filhadaputagem, burrice, medo, falta de atenção. Eu entendo.

Mas o que mais me incomoda mesmo, mesmo, mesmo é quando eu ofereço a oportunidade da pessoa ser sincera comigo e ainda assim ela mente/omite. Sério, isso me fode de um jeito absurdo, porque a partir daí eu fico sempre em posição de atenção extrema, fico com as orelhas em pé o tempo todo, fico 100% atenta a todo momento e isso é muito, mas muito cansativo. Eu não relaxo. Eu odeio ficar assim.

Às vezes eu queria muito poder tomar um comprimido que me fizesse esquecer certas coisas, que me fizesse simplesmente deixar ir, mas o mundo taí com toda sua tecnologia e mesmo assim não nos provém tudo. Ou então gostaria que as pessoas fossem sinceras, pelo menos quando a oportunidade fosse dada, mas pensando bem, mais fácil chegar o comprimido.

Vai, tecnologia! o/

17 de abril de 2014

Gabriel

17 de abril de 2014, morreu Gabriel Garcia Marquez.

O texto abaixo eu escrevi para o blog da Aline Costa, o Cada Viagem, uma saudade e resolvi postar aqui.
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Quando eu li Cem Anos de Solidão me apaixonei, sem exagero, foi isso mesmo. Fiquei fascinada pelo cenário e deslumbrada, me parecia surreal alguém escrever daquela forma e, como toda apaixonada, eu corri atrás de descobrir mais sobre meu novo amor. Descobri que o Gabriel Garcia Marquez era colombiano e, embora ele fosse de Aracataca, sempre escreveu muito de Cartagena das Índias, sobre a ótica dele foi impossível não nascer a ideia de conhecer a cidade e na minha concepção de apaixonada, ir para Cartagena era ficar próxima de um amor.

Li em algum livro, senão me engano a biografia dele, "Viver para contar" que ainda moço, ele sempre acostumado ao calor costumeiro de Aracataca, quando foi para Bogotá, ao deitar-se na cama, achou que ela estava molhada. Não estava, era apenas o frio, uma sensação nova pra ele, vindo de onde veio. Fortaleceu mais ainda o sonho de conhecer a cidade, de sentir o calor que eu senti diversas vezes lendo seus livros, deixei a ideia guardada, como um amor platônico, difícil de acontecer.

Acontece que não foi impossível e eu fui para Cartagena das Índias em março de 2012. Fiz uma parada em Bogotá, realmente a cidade é fria, sobretudo ao entardecer, acho que estava cerca de 16ºC, saí de lá para chegar em Cartagena 50 minutos depois. Era noite e fazia 31ºC. Calor, todo o calor e abafamento que senti lendo os livros. A rua que fiquei hospedada tinha muitas putas. Sorridentes, pobres, tristes. Obviamente me remeteu a outro livro, o "Memória de minhas putas tristes" o último que ele escreveu, chego a pensar se não foi uma biografia indireta, quase uma despedida mostrando com delicadeza toda a veracidade da idade. O livro é tão melancólico quanto as putas que eu vi por lá, tão perturbador quanto o sorriso delas com um fundo de tristeza, tão particular quanto Cartagena.

Não quero entrar aqui nas particularidades da cidade, mesmo porque, por amor, possivelmente eu seria parcial na minha visão. A cidade é sensível, acolhedora, festiva, mas pode ser triste, faz calor como nunca senti e venta muito, espalha os pensamentos, coloca areia no cabelo e te hipnotiza quando a noite chega. Cartagena transpira história e, desculpa a arrogância, agora transpira a minha história, porque parte do que sou e do que vivi ficou lá, mas também está aqui comigo. Eu quis conhecer Cartagena por amor, pensei que talvez conhecendo isso se dissiparia, como quem desencanta de algo depois que consegue, mas não. Já passou um tempo desde que voltei, mas da mesma forma que por lá o calor é constante, aqui é a minha saudade de Cartagena.

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Eu nunca senti muito a morte de nenhum famoso, nunca cheguei a ficar realmente triste como fiquei hoje. Talvez para algumas pessoas pareça bobeira, mas os livros dele mudaram minha percepção perante muitas coisas, foram momentos que guardo como se tivesse vivido, cada página virada, alegria, tristeza e melancolia que senti com tantas palavras.

Eu me inspirei em diversas coisas com sua leitura e agora, junto com a saudade de Cartagena, ficará também a saudade de ter um novo livro do escritor que mais me importou, que mais me fez viajar estando parada.

E eu fico imaginando ele agora, um senhor de 87 anos morto, talvez neste momento estejam preparando o corpo dele, e fico pensando em como deve ser isso tudo, e cogito se ele, que sempre pensou em realidades fantásticas, chegou a pensar em como seria sua morte. 

Ele disse que a vida não é o que se vive, mas o que se recorda e como se recorda. Eu vou lembrar dele até o dia que meu corpo, assim como o dele hoje, não me pertencer mais.


Cartagena das Índias e um sonho realizado.




16 de abril de 2014

O inimigo no quintal

Eu estava escutando Dr. Dog hoje, a música That Old Black Hole e tô até agora pensando no quanto é difícil você ter que patrulhar seu próprio quintal muitas vezes de si mesmo, acho que com frequência o inimigo somos nós.

E nisso fiquei pensando também no quanto é complicado andar devagar, quase na pontas dos pés para não sacudir o barco, andar quase que prendendo a respiração e mesmo assim ele continuar instável, mesmo assim ele balançar e sair do ritmo.

Lembrei que minha homeopata disse que sentimentos fortes desequilibram e que nem sempre o caos é ruim. Bom, não me afogando e nem afogando ninguém acho que tá tudo bem.

Eu falei de quintal e barco, coisas antagônicas, terra e mar, acho que já tem caos suficiente por aqui :)

E eu gosto muito desta música, muito mesmo.






I put on my clothes like a body guard
I put the dogs on patrol in my own back yard
I don't want to fight, but I'm constantly ready
And I don't rock the boat, but its always unsteady



15 de abril de 2014

As palavras

Ele disse:

- Você se apega demais às palavras, são só palavras, o que eu sinto é muito mais.

Na hora, ela concordou e sorriu, realmente se apegava demais às palavras.

Mas depois de alguns dias ela ficou pensando naquilo e percebeu que talvez seja inocência esperar que alguém como ela, que inclusive escolheu fazer das palavras seu ofício, não fosse apegada às palavras.

As palavras sempre estiveram lá, nos momentos mais tristes e nos mais felizes, sempre fizeram companhia, elas, sempre elas. 

Não era apego pelas palavras, era amor mesmo. Amor de uma vida toda.


14 de abril de 2014

Sacudir pensamentos

Sabe quando um mosquito voa perto do seu rosto e você balança a cabeça e muitas vezes até usa as mãos para afastar o dito cujo? 

Então, ultimamente eu tenho balançado bastante a cabeça, mas não para afastar mosquitos, mas pensamentos. Sei que pode parecer loucura, mas às vezes externar as coisas assim ajuda. Da mesma forma que escrever tem esse poder, sacudir a cabeça em tom de "sai daqui, coisa ruim! sai, xô, xô" também funciona.

Então, fica o aviso: se você me ver na rua sacudindo a cabeça, pode ser a música do meu fone ou algum pensamento chato, ok?

11 de abril de 2014

Resiliência

Eu escrevi um texto imenso reclamando de algumas coisas.
Eu escrevi um texto imenso reclamando de algumas coisas e reli 2x.
Eu escrevi um texto imenso reclamando de algumas coisas, reli 2x e repensei 3x.
Eu escrevi um texto imenso reclamando de algumas coisas, reli 2x. repensei 3x e apaguei.
Eu escrevi um texto imenso reclamando de algumas coisas, reli 2x, repensei 3x, apaguei e escrevi: "Eu escrevi um texto imenso reclamando de algumas coisas, reli 2x, repensei 3x, apaguei".

Às vezes a repetibilidade de uma reclamação te faz perceber que não adianta muito reclamar.

Palavra para lembrar e mantra para repetir no final do dia:

Resiliência (s.f.)
Habilidade que uma pessoa desenvolve para resistir, lidar e reagir de modo positivo em situações adversas.

9 de abril de 2014

A mudança e você mudando - Parte II

Sabe, estava pensando que quando nos falam para sermos nós mesmos, eu acho que é pelo pressuposto que a pessoa que recebe essa dica é alguém sensacional, ou sei lá, o Batman. Na verdade ser "você mesmo" não é muito fácil.

Eu cheguei num segundo momento da minha vida que preciso mudar, mudar porque simplesmente não aguento mais passar por algumas coisas, porque não aguento inclusive a culpa que sinto quando eu sou "eu mesma" e como eu deixo algumas pessoas chateadas e tristes, só por ser eu assim, meio confusa, meio insegura, meio instável.

Eu não sou muito fã de mudanças, normalmente eu me assusto, eu não sei ser a pessoa divertida que vê como oportunidade logo de cara, eu fico apreensiva, eu tenho medo, sou assim, não sei se isso é ser fraca ou só humana.

Na verdade eu só sei que tá vindo uma jornada longa por mudança, e de tudo isso, só o que eu tenho certeza é de que vou me cansar muito pelo esforço que vou fazer, eu espero realmente que os resultados compensem e me ajudem a ser uma pessoa melhor.

E assim eu volto para o ensinamento:

"- Como eu mudo? Não sei como colocar a mudança em prática.
Ela me respondeu:
- Não existe isso, só existe a mudança e você mudando."

8 de abril de 2014

O biscoito

Às vezes me sinto como naquele desenho que a vida que te dá um biscoito, aí você fica feliz, depois ela toma de volta e ainda te dá bicudas.

Eu sei que não existe felicidade plena, que é um conceito e tal, eu nem tô infeliz ou triste, não é nada disso, eu tô bem, mas eu queria ficar com o biscoito só por um pouco mais, sabe? Só isso.


1 de abril de 2014

Meu pequeno monstro

Eu convivo com um monstro e ele fica mudando de tamanho, forma e força. Normalmente até que vivemos bem, eu alimento ele de vez em quando, dou uma atençãozinha básica, faço um cafuné, eu até cuido, mas têm dias que ele tá de fato monstruoso, cresce do nada e fica agressivo.

Exige muita atenção, me morde e me machuca, se eu tento prender, me derruba. Normalmente nesses períodos ele ganha muita força e eu não consigo segurá-lo.

Eu meio que me acostumei com ele, mas quando ele fica assim é difícil controlar, sobretudo porque ele acaba atacando quem tá perto de mim também, ataca quem eu amo, quem me faz bem. 

Então agora eu tô fazendo assim, deixando ele de castigo, sentadinho. Todo dia eu passo por ele, todo dia eu mando um beijo de longe para ele não ficar muito carente e muito bravo, mas tô evitando chegar muito perto, sabe? Eu sei que temos uma relação longa, mas ele é possessivo demais, então ele tem que mudar.

Eu sou obrigada a conviver com meu monstro, mas ninguém tem essa obrigação, né? Sobretudo se ele não souber se comportar. Espero que dê resultado e que ele seja mais educadinho daqui pra frente.


Morose | Illustrator: Mikrotom