31 de março de 2014

Mimimi de boas intenções

Uma coisa que é preciso entender é que nunca, em hipótese alguma, diminuir o problema do outro vai ajudar em alguma coisa, por mais que você o ache ínfimo, pequeno ou babaca. 

Coisas como "pra que isso?", "não fica assim por causa de bobeira" ou ainda "chega de mimimi" não ajudam em nada, na verdade, ainda que a intenção seja boa eu espero que a máxima sobre boas intenções seja de conhecimento de todos.

Então para você que veio aqui na madrugada do sábado postar anonimamente para que eu pare de mimimi, peço que se lembre do ditado sobre boa intenção, se é que ela foi boa, e que faça uma boa viagem.

[Ah, sim. Eu sei que eu supostamente escrevo o que quero e leio o que não quero, que é esta a regência do blog por princípio, mas de toda forma o espaço é meu.]



28 de março de 2014

Sabe?

Sabe um medo que te faz ter vontade de chorar no meio do expediente e perder toda postura de pessoa adulta que domina a própria vida?

Sabe aquele medo que aperta seu peito porque te enche de angustia? Que te faz querer tomar um calmante ou ficar muito bêbada?

Sabe aquele medo que nem com mantra vai embora? Que você não consegue acalmar, não consegue controlar? 

Sabe aquele medo que de tão medo te faz falar o que não quer e tentar fugir de quem você ama? 

Aquele medo que corrói e te deixa pequenininha, com sentimento de um caroço de azeitona?

Sabe aquele medo que é tão desesperado que te faz voltar a jogar Candy Crush numa tentativa de não pensar mais em nada?

Então, espero que ele vá embora amanhã.




26 de março de 2014

Meu dia foi péssimo, passei metade dele fazendo exames médicos e chorando e outra metade encolhida na cama em posição fetal oscilando entre chorar e sentir dor.

Em dias assim eu sinto falta de um abraço, sinto falta de ser mais forte, sinto falta de como eu me sentia mais equilibrada.

Eu não sei o que tá acontecendo comigo, eu deveria estar muito feliz, mas eu tô toda maluca e agora eu tô com a ideia de que eu não mereço amor, porque eu me sinto muito maluca e ninguém tolera gente maluca e suas maluquices por muito tempo.

E eu fico meio que fingindo normalidade "tá tudo bem sim, tô melhor" por puro medo, porque eu enfiei na minha cabeça que é questão de tempo para que eu cause enjoo ou que eu seja trocada por alguém mais equilibrada, uma pessoa que sorri mais, que não tem o olhar triste como o meu. Uma pessoa mais feliz, mais pra frentex. Uma pessoa que não use tanto preto, uma pessoa que não seja eu, porque parece meio sem sentido alguém gostar de mim e eu não paro de chorar. Eu chorei no laboratório no meio de pelo menos umas 20 pessoas.

Depois eu chorei na mesa do exame. Depois chorei com a médica. Chorei descendo as escadas e chorei com a atendente que disse que eu teria que esperar uns 20 minutos para colher sangue.

Depois eu chorei com a moça que foi colher meu sangue, ela disse "calma, não vai doer" e eu ri, eu ri e chorei junto pensando que se o motivo do meu choro fosse aquela agulha, eu estaria bem, mas daí acho que só pareci mais louca, porque eu chorei e fiquei rindo, tudo junto ao mesmo tempo, e ela só ficou me olhando, pegou a agulha e disse "vai ser rápido"...sim, que seja rápido, tira o sangue, por favor, porque tem algo de poético em chorar enquanto te tiram sangue, enquanto tiram um pouco de você, poderiam tirar a parte ruim pelo menos, mas é só sangue.

Depois eu mandei mensagens desequilibradas, chorei escrevendo todas elas e não recebi resposta alguma e me senti muito fraca, fiquei meio tonta, mas não sei se por conta da não resposta ou se por estar há 14 horas em jejum e com dor.

E agora eu tô aqui, qualquer um que fale comigo, eu choro. Minha cara tá péssima, me sinto péssima e só penso que gostaria de não ser como eu sou, de não sentir tanto.

Eu li dias desses que não devemos nos desculpar por demonstrar nossos sentimentos, que isso não é sinal de fraqueza, mas sinal de um coração grande e também de força e coragem por deixar os outros verem isso.

Bonito, né? Eu achei, pena que não consigo sentir nada disso, só me sinto mais e mais fraca. Parece que tô fazendo jejum faz muito tempo.






25 de março de 2014

Debutando com uma cachorra puta

Eu me sinto tão, mas tão ridícula em ter 32 anos e ainda me chatear com meus pais, sério, é uma imaturidade que não cabe aqui no meu peito, é mimimi, sei lá que porra, talvez eu seja mimada, classe média imbecil, uma dessas opções ou todas juntas. Não sei ao certo, mas eu fico triste com algumas coisas. Para dar embasamento aos próximos parágrafos, vou contar uma breve história.

Quando eu estava prestes a fazer 15 anos meus pais perguntaram o que eu queria ganhar de aniversário [classe média detected], tendo em vista que fazer 15 anos era uma idade significativa. Eu não quis festa, mas isso eu acho que eles esperavam vindo de mim, 14 anos, usando preto, ouvindo metal o dia todo, acho que eles suspeitavam que eu não iria querer usar branco e debutar, ok. Pedi uma viagem para o Egito.

- MAS, MAS, FILHA? PARA O EGITO?
- É, mãe... eu queria conhecer as pirâmides, é meu sonho, sabia?
- Mas Egito? Não, não sabia.
- É meu sonho. [repete 1000x]

Passaram uns dias.

- Filha, a mãe foi com o pai numa agência, a viagem para o Egito é muito cara, não podemos pagar.
- Ah, tudo bem então...
- Mas temos uma solução!
- :D O QUÊ?
- Lá na agência, eles vendem um pacote para Disney...pela agência Stella Barros...somente com meninas que estão fazendo 15 anos também! 

Aqui eu não consigo descrever minha cara de terror, de pânico, de frustração e "meu deus me mata", mas apenas fiz cara de cu e disse que não queria nada daquilo, que então queria um cachorro!

- Um cachorro? 
- É, quero um cachorro pra mim! :D
- Tá bom, que cachorro você quer?
- Quero um rottweiler!
- UM ROTTWEILER? MAS PORQUE?
- Eu não gosto de cachorro pequeno, mãe.
- Mas um cachorro desse vai comer todo mundo que vir em casa!
- Mas não quero cachorro pequeno, eu gosto de cachorro grande, TEM QUE SER GRANDE, QUERO PODER ABRAÇAR ELE!

Para encurtar a história que deveria ser breve, eu ganhei uma poodle e chamei ela de Charlotte, em homenagem à música do Iron Maiden, "Charlotte, the harlot" dei nome de puta para a cachorra que nunca gostou de mim e adotou minha irmã como dona dela. Fim.

Daí é isso, desde não sei quando eu tenho problemas sérios de comunicação com meus pais, eu realmente acho que eles não escutam nada do que eu falo, ou sei lá, eles abstraem. E estava aqui pensando o quanto é curioso eu ter me formado em Comunicação, sabe? Acho que sou eu implicitamente tentando me fazer entender, mas não tem funcionado. Não com meus pais.

Eu tô fazendo MBA aos sábados, eu tô falando disso já tem pelo menos uns 3 meses para os meus pais. Daí minha mãe me disse que vai vir um pedreiro aqui em casa no sábado, que talvez eu iria acordar com o barulho. Eu respondi que tudo bem, que não estaria aqui, estaria no curso. Sabe o que ela me perguntou?

- Que curso?

Hahahahahahahahha minha vida é um looping dos meus 15 anos, devo estar presa no tempo, sofrendo efeitos de repetibilidade.

Tem que rir, né? É, tem que rir.

Alguém aqui me entende? Hein? 

Ai, ai...





24 de março de 2014

Um emocional surdo

Eu assumi que não tenho mais enxaqueca, assumi que passei mais da metade da minha vida usando ela como uma forma de chamar atenção, de validar meu sofrimento e mais uma caralhada de coisas.

Essa foi uma das últimas descobertas que fiz em terapia, me machucou demais porque foi o equivalente a assumir que vivi uma mentira. Quando eu saquei isso eu chorei, mas chorei muito por ter mentido tanto tempo pra mim. Foi bem difícil.

Daí que agora quando minha cabeça dói, eu não sei o que é, eu fico sem saber como lidar, afinal, é dor ou é emocional? Como eu falo para meu emocional que ele tá maluco, porque eu não tenho mais enxaqueca? Como faço para ele entender que a gente não usa mais esse artifício? Porque eu tô com dor de cabeça já tem dois dias e eu acho ele não sacou e ainda tá vivendo uma mentira.

Eu repito mentalmente com calma para meu emocional que não tenho mais enxaqueca, mas ele não me escuta.

Meu emocional deve estar precisando de um aparelho auditivo.




21 de março de 2014

O controle de limpar o quarto

A minha sexta começou ok, daí ficou boa, ficou ok de novo, ficou ótima, daí cagou e ficou ruim.

Eu me sinto idiota com tanta frequência que fico admirada que ainda não me assumi publicamente como alguém assim, idiota.

Não sei lidar com não-respostas, com desvios de assuntos, com abstrações. Eu não sei lidar com conselhos para que eu seja mais calma ou mais madura, simplesmente porque eu não sou assim, calma ou madura.

Cada dia mais eu tenho a certeza de que tem algo muito grave acontecendo aqui dentro de mim, meus pensamentos crescem, tomam conta do meu corpo, meu estômago dói, meus olhos resolvem que devo chorar no meio do ônibus, daí logo em seguida eu tô rindo, eu não sei, eu não sei mesmo o que é tudo isso. E depois me sinto idiota por querer dar meu coração, me sinto ingênua por acreditar que dessa vez eu posso não me foder, porque afinal, nada impede que eu me foda, nada impede uma pessoa de ser sacana comigo, a mim só resta assumir riscos e pular torcendo para que a corda esteja presa ou que, no mínimo, algo amorteça o encontro ao chão.

Eu não tenho controle de nada, de absolutamente nada, nem do que sinto e neste momento e eu não me sinto bem.

Tudo o que me resta hoje é limpar meu quarto, é o máximo que consigo organizar ao meu redor.



19 de março de 2014

É preciso coragem

Eu estou há umas 2 semanas ensaiando falar uma coisa importante, algo que pra mim é difícil porque é o equivalente a pular num precipício sem saber se tem uma corda amarrada na minha cintura, é pegar meu coração e entregar para uma pessoa. Eu tô com muito medo, mas sinto que a necessidade de dizer tá ficando maior que o medo.

Eu sinto muito medo e não sei de onde tirar coragem, e eu e meu coração precisamos de muita.









9 de março de 2014

Metade completa

A verdade mais simples é que eu tenho medo. Medo de que ele me perceba como eu realmente sou e também medo de que ele perceba que eu sou desse tipo que tem medo de que ele perceba quem eu realmente sou.

Ultimamente eu acho que sou metade amor e metade medo, metade confiança e metade insegurança.

Mas eu também sei que mais da minha metade é feliz e por isso eu continuo assim, brigando com as outras metades que me tornam quem sou.


7 de março de 2014

- Porque você não acredita que alguém te ache sensacional?
- Ah, porque eu tenho um monte de defeitos.
- Mas defeitos todo mundo tem.
- Eu sei, mas eu não sou sensacional.
- Você pode não se achar, mas a pessoa tem o direito de achar isso de você.
- Mas me diz respeito, eu me vejo no direito de discordar, se eu aceitar parece que tô enganando a pessoa.
- Como assim?
- Se eu aceito, parece que tô sendo convencida e escondendo meus defeitos.
- Mas e se a pessoa acha isso de você inclusive com os seus defeitos!
- Então ela deve ser mais louca do que eu.
- Como você é difícil...

E quem disse que seria fácil, né? 





4 de março de 2014

A pessoa que eu gostaria de ser

"Às vezes você tem o olhar triste" e "Sim, às vezes te acho triste"

Certas coisas a gente escuta e não liga, mas outras mexem com você de uma forma estranha, de um jeito que é difícil explicar. Como as duas frases aí de cima, eu chorei quando ouvi as duas, eu chorei sentida porque eu não quero ser triste, mas curiosamente as duas frases só me deixaram mais ainda.

Desde que me conheço por gente, desde muito novinha, eu escuto que eu não sou sorridente como todo mundo. Isso sempre me machucou, porque ninguém quer ser triste, ninguém quer ser a pessoa que passa tristeza para os outros. Mas eu simplesmente nunca consegui ser a pessoa que ilumina o ambiente quando entra, a pessoa que ganha todo mundo só com um sorriso, eu nunca consegui ser feliz nesse molde esperado.

Daí eu achei que mudei, eu estava acreditando que estava bem, que estava diferente, mas então eu escutei isso, que eu passo essa tristeza às vezes e eu não entendi, porque eu não sei mais o que fazer para ser melhor e não digo "melhor" no sentido de superar os outros, mas no sentido de estar bem comigo.

Faz um tempo eu até escrevi aqui sobre mudanças e sobre efetivamente mudar, mas eu me sinto de novo meio perdida, porque eu não sei o que fazer com essas duas afirmativas e elas vieram de uma pessoa que gosto muito, de alguém que eu me importo e que não acredito que tenha dito para me machucar, mas disse simplesmente achando que pudesse me ajudar, como um incentivo para melhorar.

Acontece que eu não sei mais como melhorar, eu tenho feito tudo o que posso para ser a pessoa que eu gostaria de ser e só agora, após escrever essa última frase que eu percebo o meu erro.

Caí de novo na armadilha de tentar ser quem não sou e percebi isso exatamente no decorrer desse texto. Engraçado que quando você acha que finalmente se aceitou, vem um pequeno caos, mexe com tudo, tira tudo do lugar, joga suas seguranças para longe e te deixa triste no fim do Carnaval.

E viu a ironia? Eu que não quero ser triste, estou chorando na época mais festiva do meu país. Mas tudo bem, vai passar, como todo Carnaval.