29 de setembro de 2014

Vontades, sonhos e derivados

Eu não deveria, mas eu fico vendo apartamentos que nunca terei e preços de aluguéis que não sei como poderia pagar.

Eu tenho visto móveis e utensílios de cozinha. Eu me apaixono por eles e fico imaginando minha vida nesse apartamento imaginário que eu gostaria de morar.

Eu tenho pensado em como seria chegar nesse canto depois de um dia de trabalho, em como seria optar ou não por cozinhar todo dia. Fico pensando como seria lavar minha roupa sozinha e, acima de tudo, eu penso muito, mas muito mesmo, em como eu vou conseguir isso tudo.

Mas eu ainda não sei, só sei que hoje eu me apaixonei por uma cama. Ela já faz parte do meu imaginário. Ela é linda, tão linda que eu até me arriscaria a pagar prestações por ela. Se eu fecho os olhos, consigo me imaginar chegando em casa, tirando a roupa, tomando banho e me jogando nela.

Certas vontades não têm senso de realidade, se elas não são condizentes de forma prática com a sua própria vida, possivelmente vão morrer no campo das vontades, dos sonhos e tal.






27 de setembro de 2014

Egocêntricamente eu

É falta de maturidade desejar ser primeira pessoa do plural em algumas coisas, falta de noção, falta de bom senso talvez e também excesso de expectativa, com uma pitada de inexperiência.

Falta de visão em perceber que algumas coisas, não importe o tempo que passe, serão, invariavelmente, coisas suas, que resultarão dos seus esforços e unicamente de sua vontade.

Eu preciso e vou. Parece quase simples afinal.

25 de setembro de 2014

Ateia que sou, tô quase rezando para qualquer santo disponível para amenizar esses sentimentos ruins que tenho sentido ou para que seja apenas TPM.

Sim, rezando para santo, porque aprendi com o Auto da Compadecida que são eles que fazem o intermédio até deus. Não devemos pedir para deus, é quase arrogância. Como pedir aumento, você pede para seu chefe e não para o dono da empresa, entendeu? Então.

Aliás, lembrei de João Grilo, quando ele diz que tá cansado da agonia de ficar rico, ficar pobre, ficar rico, ficar pobre. Quase eu esses dias, tô feliz, tô triste, tô feliz, tô triste.

Porque eu tô assim? Não sei, só sei que tô assim, meio Chicó com João Grilo.





23 de setembro de 2014

Fácil como andar de bicicleta

Hoje eu fui novamente tentar andar de bicicleta. 

Eu não cai, mas também não andei, a novidade da vez foi apenas que eu fiquei total desestabilizada, como ainda estou e chorei. Chorei muito. Agora mesmo escrevendo, eu choro.

Me lembrei da segunda vez que tentei dirigir um carro e, na época, ao ter dificuldade, eu escutei "mas é tão fácil, porque você não consegue?".

Não sei porque eu não consigo fazer todas essas coisas fáceis que todo mundo faz, não sei porque eu viro o guidão quando não deveria, nem porque eu não consigo me equilibrar, mas eu sei porque eu chorei hoje.

Um pouco por vergonha de não conseguir, um pouco por decepção e por frustração. Afinal o ditado "fácil como andar de bicicleta" no meu caso é fácil para fazer marmanja de quase 33 anos se sentir meio inapta na arte do equilíbrio, meio besta, eu sei.

Fico pensando que aprender a andar de bicicleta tá parecendo minhas sessões de terapia, muita dificuldade em conseguir equilibrar, é choro, é dor e tombos. 

Minha perna tá roxa, porque eu meti o pedal nela. A diferença da terapia é que meu corpo não mostrava sinais das minhas falhas.

C'est la vie.






22 de setembro de 2014

A estranheza de algo bom

Ano passado, nesse mesmo dia, começo de primavera, eu ainda não te conhecia. É estranho pensar que há tão pouco tempo você não estava na minha vida e que agora abraçou boa parte dela.

É estranho que, do nada, tanta coisa mudou, continue mudando e que eu continue gostando.

É tanta estranheza boa que às vezes prendo a respiração com medo do que virá de ruim. Eu sei, você fala que eu não devo pensar nessas coisas, mas eu penso, eu sinto e escrevo como forma de tentar colocar pra fora, para sair da minha cabeça e ficar apenas aqui.






18 de setembro de 2014

Concomitantemente

Quando eu dou mancada, seja estando meio azeda ou brigando mesmo, sempre fico com medo. 

Na verdade é uma mistura de medo com culpa. 

Culpa por não ter me controlado e medo de causar mais canseira do que alegria.

Daí eu fico meio flutuando entre esses sentimentos. 

Falta menos de um mês para o meu aniversário, mas eu sei que isso não é inferno astral. Uma pena, tão mais fácil poder culpar fatores externos incontroláveis.

Mas não, eu sei que sou eu. Apenas eu com toda consciência de que posso mudar e com toda consciência de que posso falhar. 

Ambos vêm acontecendo, mudanças e falhas. Quase concomitantemente.

Concomitantemente é uma palavra muito feia.

Seria bom se pudéssemos reduzir algumas coisas às palavras, por exemplo, medo seria apenas uma palavra curta e culpa seria só uma palavra feia.

Embora nessa lógica, amor seria só uma palavra bonita, companheirismo uma palavra pouca usada e alegria seria só uma palavra para rimar com dia.

Melhor deixar como está, melhor que palavras e sentimentos sejam usados concomitantemente. Não rimou, mas pelo menos consegui um bom uso para uma palavra tão feia. 


6 de setembro de 2014

- você acha que vale tanto esforço?
- acho, eu preciso melhorar.
- mas melhorar pra quem se você fica mal do mesmo jeito?
- ... vou dormir.

E foi, dormindo não se pensa tanto.