26 de fevereiro de 2014

Na proporção da felicidade

Às vezes eu vejo umas coisas e sinto que meu coração vai sair pela boca, são bobeiras, racionalmente eu entendo, mas meu emocional não sabe disso e ele toma conta dos meus pensamentos.

E daí eu tenho vontade de parar tudo, de gritar que não tenho estabilidade para tal coisa, que não sou madura mesmo e tenho vontade de chorar no meio do expediente.

Tenho vontade de chorar muito, mas muito e não sei se é pelo o que vi ou se por minha dificuldade em ser uma pessoa normal, em ser uma pessoa dentro dos padrões esperados do equilíbrio.

Não adianta, eu penso o tempo todo, o tempo todo, eu ando muito cansada de pensar tanto, eu não consigo desligar, até quando durmo tenho sonhos que me deixam insegura.

Eu não gosto de me sentir assim, eu queria simplesmente confiar, simplesmente acreditar e ser como todo mundo é, mas eu não sou. Não sei o que me cansa mais, se pensar o tempo todo ou se me esforçar para não pensar o tempo todo.

Nada vem de graça na vida, eu sei, mas tinha esquecido que num pacote de felicidade as dificuldades são proporcionais.

24 de fevereiro de 2014

No conforto do próprio corpo

Esses dias, vi uma foto minha de quando tinha uns 18 anos, eu era magra como na minha concepção eu nunca fui. Quando vi a foto, lembrei também de como eu me achava gorda na época e como ser gorda na época também me assustava e era sinônimo de ser feia.

Mas fato é que eu era magra e não me via assim. Na época eu tive um dos meus primeiros namorados e não conseguia entender como ele poderia gostar de mim, me querer, porque afinal, eu era gorda.

Percebi que passei grande parte da minha adolescência e juventude me sentindo assim, feia e gorda, até que de fato eu engordei. Quando terminei meu namoro, esse mesmo aí que eu não entendia como ele podia gostar de mim, soube que ele ficou com outra garota, uma moça loira, magra e dos olhos azuis. Preciso dizer o óbvio? Que me afundei em "sou horrorosa, lógico que ele terminou comigo, sou gorda, sou feia, sou chata" eu era tudo de ruim o que a moça lá não era. Imaturidade com insegurança resultam nessas coisas.

Passei por todo um processo de aceitação e quando falei "tô feliz sendo gorda" descobri que minha saúde estava meio capenga, o exame de sangue apontou que o triglicérides estava muito alto e a médica foi taxativa "você precisa emagrecer, se alimentar melhor". Okay, eu fui na nutricionista e emagreci até hoje quase 15 quilos, sim, digo "até hoje' porque eu continuo fazendo acompanhamento nutricional.

A coisa toda é para dizer que hoje eu finalmente me sinto bem estando no meu corpo, talvez vão falar "viu como emagrecer é bom? Agora você tá mais magra e feliz!" sabe, talvez seja, talvez não, não quero ser demagoga. Eu acredito de verdade que cada um sabe o que é melhor pra si ou pelo menos deveria saber. Eu me sinto bem hoje, com 32 anos finalmente eu me olho, me reconheço e me aceito no corpo que eu tenho. Com estrias, com pneus, com celulite e com meus braços de merendeira, porque eu sou mais que um corpo e não quero me limitar a isso.

Claro que têm dias que não quero nem me olhar no espelho, eu mudei, não fiquei perfeita, né? Mas na maioria do tempo eu me gosto e essa é uma sensação nova, acho quase triste descobrir isso só agora, mas melhor agora do que nunca.



18 de fevereiro de 2014

Do que não posso me chamar

Eu prometi para ele que não me chamaria mais de maluca, eu prometi. Incrível como eu sempre faço promessas difíceis.

Eu não falo então, mas eu ainda sinto, me sinto assim, uma mistura do que não posso me chamar com insegurança, desequilíbrio e talvez um pouco de bobeira.





11 de fevereiro de 2014

Sobre ser 'horário político' e como Bukowski não estava tão certo

Eu li um texto da Nina Lemos falando que nós, mulheres, sempre nos justificamos com praticamente qualquer coisa com um "olha, eu não sou louca" e tenho pensado muito nisso, nessa loucura aí que tememos e a qual sempre somos relacionadas.

Infelizmente eu preciso admitir que, pelo menos de minha parte e de muitas mulheres que conheço, a loucura faz sentido e admito isso com muita dificuldade, sobretudo porque eu adoraria ser uma mulher descolada, que não se preocupa muito com as coisas e têm pirações absurdas.

Mas o lance que realmente me confunde é perceber que não encontro isso com tanta frequência nos homens, ou pelo menos não com os que já me relacionei e nem nos meus amigos, eles até podem ter uma piração, mas é contida, não é uma coisa que é externada com a facilidade de um estopim como acontece com as tantas mulheres que conheço.

Eu fico sempre meio mal por isso, inclusive quando estou namorando, porque me sinto doida sozinha, sinto que minha loucura e minhas neuras ganham uma força descomunal e tenho medo de ser vista realmente como louca [ó lá o medo!]

Tem uma frase do Bukowski que ele diz "Algumas pessoas nunca enlouquecem. Que vida de merda elas devem ter!" e sabe, Buk, concordo com você, mas ninguém aguenta gente louca por muito tempo e, a bem da verdade, é preciso lembrar que os loucos costumam morrer sozinhos.

Sei lá, preciso ser menos maluca, mas não sei como. Eu queria simplesmente não pensar em algumas coisas, mas alguns pensamentos parecem horário político, entram no ar você querendo ou não, e acabam te deixando irritado com aquelas ladainhas.

Eu não quero ser um horário político, não quero impor, não quero ser obrigação e chateação de uma ladainha sem fim para convencer alguém de que sou legal, VOTE EM MIM, FICA COMIGO E AFIRMA QUE ME QUER TODA HORA. Não quero isso, é chato e cansativo para qualquer um.

Mas acho que às vezes eu sou meio horário político e, se bobear, sou alguma coisa entre o Éneas e a Havanir, aquela coisa meio maluca que até faz rir, mas que você não vota nem fodendo.

Todo esse desabafo aqui porque eu tive uma noite de pesadelos medonhos e absurdamente sabotadores da minha atual alegria, pesadelos que me deixaram hoje meio estragada e insegura. Porque ser/estar feliz é muito bom, mas dá um medo do caralho. Juro.

9 de fevereiro de 2014

"Não canse quem te quer bem"

Na minha concepção o amor de amizade é um desses amores incondicionais, que te deixa feliz em saber que o outro está feliz, ainda que ele não esteja presente toda hora.

Veja, eu amo meus amigos, mas a vida se encarrega de dar rumos diferentes para todos nós e os meus horários não batem com os deles, e nem as nossas vidas, é normal, acontece, mas a gente se fala por e-mail, manda uma mensagem, conta da vida e um dia ou outro consegue se ver, mata a saudade, tudo continua igual, o amor, o carinho, a cumplicidade. Isso pra mim é amizade e é essa amizade que eu ofereço.

Eu ofereço intensivão também, quando um amigo tá mal, eu fico ali, dou o ombro, falo mil vezes a mesma coisa se for preciso, repito e escuto ladainhas infindáveis vezes, eu entendo isso também como amizade.

Eu não gosto de cobranças no geral, mas em amizades eu não tolero mesmo, assim como não tolero chantagem emocional e nem artifícios como "eu te conheço tem muito tempo, você tem que me dar atenção". Não, amigo, eu não tenho, porque se for obrigação, o conceito de gostar tá todo deturpado.

Se eu te vejo porque você me cobra é porque você tá sendo chato e não porque eu gosto de você, ou eu até gosto, mas você continua sendo chato pra caralho e sabe, "não canse quem te quer bem", pelo menos não com muita frequência.


*O título vem de um texto da Martha Medeiros

7 de fevereiro de 2014

Um vestido

Sabe quando você olha algo, por exemplo um vestido, um vestido lindo, daqueles que só de observar você se sente linda, fica feliz só de imaginar usando, o mundo seria seu se você pudesse usar algo tão bonito, parece perfeito.

Parece, mas na verdade você não tem onde usar aquele vestido, ele é bonito demais, não cabe na sua realidade. Não cabe na sua vida de proletária, não se encaixa com seu almoço corrido, nem com seus finais de semana ociosos, nem com sua vida comum. Não se encaixa, por mais que você queira, por mais que você finja que nasceu para usar um vestido assim.

Ele é lindo, mas todo mundo quer olhar, quer pegar e você não gosta que encostem demais, ele não é um vestido para usar em casa, na verdade é um vestido que você precisa levar para passear sempre, ele tem que ser visto e você percebe, de repente, que não saberia usar um vestido assim. Daria um trabalhão, no fundo seu vestido ideal é de malha, simples, daqueles que se usa em casa muitas vezes. 

De repente você percebe que o vestido tem grandiosidade demais para você, que sua vida é muito simples pra ele, é pouco. E você percebe que, por mais que o vestido insista que adora ficar no seu corpo, que gosta do caimento, você no fundo sabe que ele não vai ficar, porque ele quer que o mundo o veja e o vestido sabe que tudo são escolhas, ele sabe também que para conquistar o mundo e ser visto não poderá ficar no seu corpo e que o par de olhos que você oferece é pouco.

Têm vestidos que nasceram para serem vistos, outros para serem usados. Eu acho que sou a segunda opção e eu gosto de ser assim.

*Esse texto foi escrito tem algum tempo e por covardia eu não publiquei. Mas de alguma forma eu lembrei dele hoje.

5 de fevereiro de 2014

Queria contar

Hoje eu percebi que tem 3 meses que minha psicóloga foi embora e fiquei pensando em quantas coisas eu queria contar para ela, em tudo o que mudou em um período curto.

Queria contar que eu tô me sentindo feliz, ainda que com algumas pirações, queria contar que eu tô namorando e apaixonada como há tempos não fico, queria contar que eu fiz rafting mesmo morrendo de medo de água e que gostei, queria contar que ultimamente eu aceito fazer quase que qualquer passeio porque eu tô me permitindo fazer coisas novas.

Queria contar pra ela que aquela leveza que eu tanto falava que queria, parece que tá chegando e eu nem tô mais me esforçando tanto para isso, queria contar que eu tenho cozinhado e tenho gostado, queria contar pra ela que tenho me desfeito de um monte de amarras, queria contar que tô estudando inglês sozinha e que tô sendo disciplinada, queria contar que faz muito tempo que não tenho mais dor de cabeça, queria contar pra ela que tenho ciência de que o mérito da mudança é meu, mas que sem ela eu não teria conseguido.

Queria contar tudo isso e falar que depois de quase 3 anos de choro nas terças-feiras, eu sinto que mudei e que sempre que lembro dela só sinto carinho e gratidão e, em dias como hoje, eu sinto saudade.

O nome dela é Sandra. 

4 de fevereiro de 2014

Utopia, saudade, tortura e um pouco de azar

Se eu fosse cristã falaria que o que estou passando é um teste divino, não sendo, só posso pensar que é mal gosto mesmo ou azar.

Uma situação que te força a colocar em prática todos os seus métodos para não pirar é muito difícil, mal passou um dia e eu acho que não vou conseguir ficar de boa por mais dezessete.

Sinônimo de controle deveria ser utopia e sinônimo de saudade deveria ser tortura.

1 de fevereiro de 2014

Esta noite eu tive insônia e quando dormi, tive pesadelo, por isso que tô aqui escrevendo numa manhã de sábado em que deveria estar dormindo.

No pesadelo eu estava indo trabalhar e um homem de terno me parou, queria saber como chegar na rua Cincinato Braga, eu expliquei e ele me agradeceu assim:

- Obrigada, moça! É difícil alguém mostrar o caminho certo hoje em dia e aproveitando, só para te avisar, você vai colocar tudo a perder simplesmente por ser quem você é. 

E eu acordei.

Se alguém por esses dias me pedir informação, vou sair correndo, simples.

Aquele abraço

...para você que acorda feliz e vai dormir uma dessas pessoas chatas e difíceis de agradar, porque a vida tem dessas, com uma rapidez absurda você se transforma em tudo o que não quer, faz cobranças e tá sempre insatisfeita. É isso aí.


Valeu o apoio, Chuck!