30 de outubro de 2014

Até logo

É uma postagem de aviso, é um último desabafo, embora fico rindo aqui com minha arrogância de achar que este espaço presunçoso precise de tal coisa, como se alguém fosse sentir falta, como se eu quisesse disfarçar que é só uma forma egocêntrica de escrever, ser lida e gostar de ser compreendida por alguém.

De toda forma, o aviso é que não vou escrever por um tempo, porque eu não tô exatamente feliz com algumas coisas e porque tá me parecendo sem propósito escrever sobre os mesmos assuntos que sempre fico patinando em volta e que, embora o blog seja meu, ninguém é obrigado a entrar aqui e ler ladainhas.

Eu tô decepcionada com algumas coisas e isso reflete muito aqui, acaba por ficar pessoal demais além do que gostaria, porque eu vazo sensações e sentimentos, daí fica só essa lamuria. 

Já me falaram que penso demais, isso poderia ser algo bom, mas como só penso coisas ruins, estrago tudo. Já me falaram que eu patino nos meus problemas, que devo agir mais e falar menos, eu concordo e também quero paz porque tô cansada de apanhar.

A intenção não é usar de coitadismo, mas eu realmente tenho a sensação que toda minha forma de lidar com a vida é errada, é muito difícil tentar mudar algumas coisas, não é tão simples como eu achava que seria, não é. Mas eu estou cansada de me sentir tão torta, tão azeda, tão negativa, tão deprimida para quem eu amo. Eu não gosto da forma que sou vista, não gosto do que tá acontecendo e acho que isso tudo reflete aqui também, então eu vou me calar, coisa que já devia ter feito faz tempo.

Vou escrever pra mim e ler sozinha até chegar em alguma conclusão. Valeu quem leu até aqui e inclusive por alguns tantos comentários que me ajudaram.

:*






A pressão e a necessidade de saber

Hoje está calor, eu gosto, dias ensolarados me deixam mais animada. No trajeto para o trabalho, no metrô, entre as linhas Imigrantes e Alto do Ipiranga, as luzes do trem se apagaram e a ventilação parou. 

Eu passei mal, minha pressão caiu. Nada grave, mas achei melhor descer na próxima estação para sentar um pouco. Desci e sentei. Tinha uma senhorinha lá, sentada usando uma blusa de lã, só de olhar para ele quase pioro.

Ela me olhou:

- Tá bem, moça? 
- Tô sim, é que tá calor demais, ficou sem ventilação no trem e minha pressão caiu.
- Você tá muito branca, quer que chamo um dos mocinhos do metrô pra você?
- Não, não precisa, só sentando um pouco já melhoro, brigada.
- Os trens tão cada dia mais cheios, eu tô aqui esperando passar um vazio.

Quis dizer para a senhora que tadinha, iria esperar muito tempo naquele horário por um trem vazio, mas apenas sorri e disse:

- É verdade, cada dia mais cheios, tudo mais cheio.
- Você é casada?
- Não...
- Quando eu tinha assim sua idade eu vivia passando mal, quantos anos você tem?
- Tenho 33.
- Ah, então não foi com sua idade, quando eu era mais nova que você, com uns 20 anos, vivia passando mal também, daí eu casei e passou.

Sorri, porque não soube o que dizer, não mesmo.

- Quando você casar, isso passa. Você vai casar, né?

Chegou um trem.

- Acredito que não - disse sorrindo - eu vou indo, já tô melhor. Bom dia pra senhora, tchau.

- Tchau, filha, se cuida, bebe água.

Cheguei no trabalho, tô aqui escrevendo, tomando um chá gelado que comprei e pensando em como a vida, de alguma forma, talvez fosse mais simples antigamente ao dividi-la entre antes e depois de um casamento e, de como a frase "quando casar passa", deve cair em desuso gradativamente por total falta de sentido, como tantas outras coisas.

Talvez a vida sem a tentativa de dar sentido para tudo seja mais simples afinal. Desde os primórdios, na tentativa de explicar coisas, criamos Deus. Talvez o sentido das coisas se perca na tentativa de explicar o que não carece de explicações, dessa necessidade em saber e controlar.

Espero que minha necessidade de saber e controlar as coisas também caiam em desuso, quero parar numa estação e vê-las indo embora, talvez mandá-las para Jundiaí, pela linha Rubi, bem longe de mim, não vou nem dar "tchauzinho", apenas vou desejar mentalmente que façam uma boa viagem e que não importunem ninguém, como fazem tanto comigo.



29 de outubro de 2014

Eu percebo a gravidade de como estou quando sinto que preciso escrever muito, talvez pela covardia de não conseguir falar. Daí escrevo. Não que seja a melhor forma de lidar, mas é a que conheço.

A outra forma que conheço de lidar é dormindo, coisa que devo fazer logo mais.

Embora tem um choro preso que não sei
nem como chorar.


Um querer sem cabimento

Eu ando com muito, mas muito siricutico por mudanças, às vezes parece que vou sufocar, nem sempre consigo ser resiliente, fico triste, quero bater o pé e gritar com o mundo que não me dá tudo o que quero, que não deixa eu chegar onde quero. Fico também chateada por não ter ajuda, por não ter uma alminha que "opa, vem cá, te ajudo a conseguir".

Fácil culpar o mundo, né? Talvez se eu tivesse nascido de família rica, talvez se eu tivesse estudado mais, talvez se eu tivesse guardado toda minha grana em vez de viajar, talvez se eu tivesse 3 empregos, talvez fosse diferente.

Tem algumas pessoas que falam que confiam em mim, que eu sou capaz, que eu posso, que eu vou dar um jeito, sei que falam isso para me incentivar, mas é meio cansativo corresponder a tanta expectativa. Porque eu tô bem acostumada a conseguir tudo meio que sozinha, mas às vezes queria só uma ajuda além de um tapinha nas costas, queria uma ajuda prática mesmo.

Mas é óbvio que esse meu querer não tem cabimento, mas eu queria. Existe um mérito muito bonito em conseguir as coisas sozinha, em bater no peito que é tudo resultado do próprio esforço, que você não precisou de ninguém. Mas afinal, é tão ruim assim querer ajuda de alguém?

23 de outubro de 2014

Miscelânea

Eu já sei que criar expectativas não é bom, a vida diz isso, as pessoas e toda a internet afirmam o mesmo. Mas sabe, eu acho que não é bom criar muita expectativa, mas sei lá, criar nenhuma também acho meio descaso.

Se não tem expectativa alguma, um propósito, uma aspiraçãozinha do que pode vir a ser, qual o motivo? Eu não sei se isso é coisa de gente controladora, mas expectativa zero me dá a sensação de que tô remando para o vazio, eu gosto de remar sabendo que minha vida depende disso ou que lá na frente tem algo me esperando, remar por remar, não me motiva, eu acabo querendo dormir em alto mar e posso até morrer afogada, já que nem sei nadar.
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Eu sei que tenho uma tendência a ser briguenta, a discutir, a criar caso só por diversão, só porque eu gosto de testar meu poder de argumentação. Sou meio arrogante assim e acabo arriscando muito por isso às vezes e também porque o silêncio me deixa entediada, eu aprendi que é melhor queimar no uso, que mofar guardado, e eu me queimo falando tudo o que penso, e também queimo os outros assim. Possivelmente eu aprendi isso errado, certos pensamentos têm mais serventia mofados.
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Domingo tem eleição, os ânimos estão alterados e eu acho que também estou. Democracia é fácil quando vai de encontro ao que você pensa, quando você percebe que a realidade pode não corresponder a sua expectativa, ficamos bravos e ofendidos pelas ideias opostas, me incluo nessa. Mas tô tentando respirar e respeitar ideias que parecem avessas ao que penso. O mundo não iria girar se pensássemos todos iguais. A propósito, como em 2010, voto na Dilma, como justifiquei aqui e meu pensamento não mudou muito. 
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Ah, sim. Agora eu tenho 33 anos, não sei o que isso significa, acho que nada, apenas que fiquei mais velha. Teve aprendizado? Teve sim, claro, e isso é bom, mas teve também muito desapontamento, muita resiliência, nem sempre obtida com facilidade. Ainda tem bastante frustração, ainda tem bastante medo, insegurança e vontade de chorar no meio da tarde. Ainda tem isso tudo, isso tudo que talvez seja eu, que talvez eu não queira mudar, já que me acompanha por 33 anos. Ainda tem eu rindo de mim mesma com 15 anos, porque imaginava que quando fizesse 30 seria uma mulher muito madura, muito certa do que quero e de quem sou. Hoje, a única certeza que eu tenho é de que a pessoa que me imaginei quando adolescente, simplesmente nunca irá existir. E tudo bem sobre isso. Tudo bem.





15 de outubro de 2014

Medinho

Às vezes eu penso ou vejo algo bobinho e quero contar, quero mostrar pra ele. Normalmente são coisas relacionadas a "nós", mas daí fico com medo de parecer indireta, cobrança ou qualquer coisa do gênero.

Como quando eu mandei um site que vendia alianças com os dizeres "Moon of my life" e "My sun and stars", do Game of Thrones e também do Harry Potter, mandei porque achei incrível o nicho criado, mas assim que enviei, achei que pareceria uma indireta maluca de uma pessoa que quer uma aliança, mas nem era, mesmo porque, já usei bastante tempo uma e tudo o que ela me trouxe foi uma marca chata no dedo, não existe uma serventia real. Há quem fale de ato falho, eu sei, mas não acho que seja o caso. 

Eu tenho uma tendência de conjugar muito o "nós", não sei até que ponto isso é seguro, até que ponto isso é invasivo, até que ponto isso me invade. Não sei se isso é bom. Não sei mesmo.


13 de outubro de 2014

Esses dias

Amanhã é meu aniversário, eu esperei ansiosa o ano todo por ele, porque desde os 30 anos eu tenho gostado de comemorar, mas daí que veio chegando o dia, eu fui azedando e deixei de lado inclusive a ideia de festejar em algum lugar. 

Eu sei que consegui bastante coisas, sei dos meus méritos, mas parece que de repente ficou parecendo tudo meio bobo e eu só consigo pensar em tudo o que ainda não consegui. 

Eu vou fazer 33 anos, é estranho. Espero que amanhã eu acorde mais animada.



I've been out walking
I don't do too much talking
These days, these days.
These days I seem to think a lot
About the things that I forgot to do
And all the times I had the chance to.*

8 de outubro de 2014

Às vezes eu sou ciumenta, claro que eu sei que não é bacana, mas daí eu sempre lembro do que li na Feira Plana: ciúme é ciumilha.

De forma bem simples e sem muita análise, é uma grande bosta. Apenas.




3 de outubro de 2014

Eu ia escrever umas coisas, mas daí achei isso e serve bem. Sim, eu curto essas paradinhas motivacionais, autoajuda. Sou meio breguinha.





1 de outubro de 2014

Talvez eu reclame demais, talvez eu seja assim, talvez abandonar as características que me constituem como pessoa, pelo menos a que conheço, não seja tão fácil.

Às vezes é difícil não ser quem você tá acostumada a ser. É um pouco cansativo brigar tanto consigo mesma.

29 de setembro de 2014

Vontades, sonhos e derivados

Eu não deveria, mas eu fico vendo apartamentos que nunca terei e preços de aluguéis que não sei como poderia pagar.

Eu tenho visto móveis e utensílios de cozinha. Eu me apaixono por eles e fico imaginando minha vida nesse apartamento imaginário que eu gostaria de morar.

Eu tenho pensado em como seria chegar nesse canto depois de um dia de trabalho, em como seria optar ou não por cozinhar todo dia. Fico pensando como seria lavar minha roupa sozinha e, acima de tudo, eu penso muito, mas muito mesmo, em como eu vou conseguir isso tudo.

Mas eu ainda não sei, só sei que hoje eu me apaixonei por uma cama. Ela já faz parte do meu imaginário. Ela é linda, tão linda que eu até me arriscaria a pagar prestações por ela. Se eu fecho os olhos, consigo me imaginar chegando em casa, tirando a roupa, tomando banho e me jogando nela.

Certas vontades não têm senso de realidade, se elas não são condizentes de forma prática com a sua própria vida, possivelmente vão morrer no campo das vontades, dos sonhos e tal.






27 de setembro de 2014

Egocêntricamente eu

É falta de maturidade desejar ser primeira pessoa do plural em algumas coisas, falta de noção, falta de bom senso talvez e também excesso de expectativa, com uma pitada de inexperiência.

Falta de visão em perceber que algumas coisas, não importe o tempo que passe, serão, invariavelmente, coisas suas, que resultarão dos seus esforços e unicamente de sua vontade.

Eu preciso e vou. Parece quase simples afinal.

25 de setembro de 2014

Ateia que sou, tô quase rezando para qualquer santo disponível para amenizar esses sentimentos ruins que tenho sentido ou para que seja apenas TPM.

Sim, rezando para santo, porque aprendi com o Auto da Compadecida que são eles que fazem o intermédio até deus. Não devemos pedir para deus, é quase arrogância. Como pedir aumento, você pede para seu chefe e não para o dono da empresa, entendeu? Então.

Aliás, lembrei de João Grilo, quando ele diz que tá cansado da agonia de ficar rico, ficar pobre, ficar rico, ficar pobre. Quase eu esses dias, tô feliz, tô triste, tô feliz, tô triste.

Porque eu tô assim? Não sei, só sei que tô assim, meio Chicó com João Grilo.





23 de setembro de 2014

Fácil como andar de bicicleta

Hoje eu fui novamente tentar andar de bicicleta. 

Eu não cai, mas também não andei, a novidade da vez foi apenas que eu fiquei total desestabilizada, como ainda estou e chorei. Chorei muito. Agora mesmo escrevendo, eu choro.

Me lembrei da segunda vez que tentei dirigir um carro e, na época, ao ter dificuldade, eu escutei "mas é tão fácil, porque você não consegue?".

Não sei porque eu não consigo fazer todas essas coisas fáceis que todo mundo faz, não sei porque eu viro o guidão quando não deveria, nem porque eu não consigo me equilibrar, mas eu sei porque eu chorei hoje.

Um pouco por vergonha de não conseguir, um pouco por decepção e por frustração. Afinal o ditado "fácil como andar de bicicleta" no meu caso é fácil para fazer marmanja de quase 33 anos se sentir meio inapta na arte do equilíbrio, meio besta, eu sei.

Fico pensando que aprender a andar de bicicleta tá parecendo minhas sessões de terapia, muita dificuldade em conseguir equilibrar, é choro, é dor e tombos. 

Minha perna tá roxa, porque eu meti o pedal nela. A diferença da terapia é que meu corpo não mostrava sinais das minhas falhas.

C'est la vie.






22 de setembro de 2014

A estranheza de algo bom

Ano passado, nesse mesmo dia, começo de primavera, eu ainda não te conhecia. É estranho pensar que há tão pouco tempo você não estava na minha vida e que agora abraçou boa parte dela.

É estranho que, do nada, tanta coisa mudou, continue mudando e que eu continue gostando.

É tanta estranheza boa que às vezes prendo a respiração com medo do que virá de ruim. Eu sei, você fala que eu não devo pensar nessas coisas, mas eu penso, eu sinto e escrevo como forma de tentar colocar pra fora, para sair da minha cabeça e ficar apenas aqui.






18 de setembro de 2014

Concomitantemente

Quando eu dou mancada, seja estando meio azeda ou brigando mesmo, sempre fico com medo. 

Na verdade é uma mistura de medo com culpa. 

Culpa por não ter me controlado e medo de causar mais canseira do que alegria.

Daí eu fico meio flutuando entre esses sentimentos. 

Falta menos de um mês para o meu aniversário, mas eu sei que isso não é inferno astral. Uma pena, tão mais fácil poder culpar fatores externos incontroláveis.

Mas não, eu sei que sou eu. Apenas eu com toda consciência de que posso mudar e com toda consciência de que posso falhar. 

Ambos vêm acontecendo, mudanças e falhas. Quase concomitantemente.

Concomitantemente é uma palavra muito feia.

Seria bom se pudéssemos reduzir algumas coisas às palavras, por exemplo, medo seria apenas uma palavra curta e culpa seria só uma palavra feia.

Embora nessa lógica, amor seria só uma palavra bonita, companheirismo uma palavra pouca usada e alegria seria só uma palavra para rimar com dia.

Melhor deixar como está, melhor que palavras e sentimentos sejam usados concomitantemente. Não rimou, mas pelo menos consegui um bom uso para uma palavra tão feia. 


6 de setembro de 2014

- você acha que vale tanto esforço?
- acho, eu preciso melhorar.
- mas melhorar pra quem se você fica mal do mesmo jeito?
- ... vou dormir.

E foi, dormindo não se pensa tanto.

27 de agosto de 2014

Basta não ser

Eu não gosto de usar TPM como alegação para algumas coisas, me irrita a ideia de perder o controle por conta de hormônios, mas me irrita mais ainda uma onda de insegurança maluca que me faz quase chorar do nada.

Daí que eu ia escrever como fiquei chateada porque uma blusinha ficou mega esticada nos meus peitos, em como é difícil ser insegura às vezes, mas mudei de ideia e resolvi falar sobre como dá para mudar quando a gente realmente quer, se tiver uma ajudinha então, é melhor ainda.

Um amigo comentou aqui num texto que muitas vezes, nos acostumamos com uma característica própria e a tratamos como algo definitivo, por exemplo ao dizer "eu sou insegura", é como se com essa afirmação, viesse a obrigação em ser exatamente assim, afinal mudar pode comprometer a definição que temos de nós mesmos.

Dá para mudar sim, mas temos essa tendência de ficar repetindo aquilo que nos legitima como pessoa perante nós mesmos. 

Eu cresci me sentindo insegura, mas eu não preciso mais ser.
Eu sempre escutei que sou chata, mas eu posso não ser.
Eu aprendi que ciúme é demonstração de amor, mas não precisa ser.
Eu acostumei a me depreciar, mas eu não preciso mais fazer isso.
Eu acreditava que tinha tendência à tristeza, mas eu não preciso mais ter.

Se eu não quero ser de determinada forma, é só não ser, não existe nada que me obrigue a ser imutável, a não ser eu mesma.

12 de agosto de 2014

Um corpo sem adversativa


Ontem eu vi uma imagem de um tutorial de desenho, de como desenhar o corpo feminino e mostrava os diversos modelos existentes. Meu corpo não estava lá.

Fiquei um pouco confusa, olhei de novo, pulei a sessão de corpos magros, porque definitivamente eu não estaria lá, mas eu também não estava na sessão das gordas e nem gordinhas. Meu corpo não é padrão em nada pelo visto.

Confesso que num primeiro momento eu fiquei meio xoxa, é bobeira, mas me incomodou não me ver ali, não ter um corpo que se encaixe nos tantos tipos disponíveis e reconhecidos.

A gordinha que tinha lá era gostosona demais, nada a ver comigo. A gorda tinha coxas muito grossas, diferentes das minhas e uma outra tinha o quadril muito largo, também diferente do meu, ambas tinham seios médios, diferentes dos meus. Se até num desenho é tudo padronizado, é realmente difícil não se deixar afetar em algum momento, não se sentir meio fora do contexto.

Mais tarde, já em casa, quando sai do banho, fiquei pelada na frente do espelho, fiquei ali me olhando, vendo meu corpo.

Meu corpo que me leva para os lugares, meu corpo que me faz sentir frio, calor, que me faz ter tesão, que me deixa gozar, meu corpo que corre, que dorme, que desperta preguiçoso, o corpo que eu tatuei, meu corpo que num todo me deixa amar, meu corpo que provoca tesão, meu corpo que me deixa tomar sorvete, que me dá o prazer de ser massageado, meu corpo todo que não define quem eu sou, mas também é tudo o que eu sou. 

Por 32 anos meu corpo tem feito tudo o que eu preciso, não tenho do que reclamar. Eu gosto dele como ele é, sem adversativa nenhuma. 

8 de agosto de 2014

A culpa

A culpa é um bom combustível, eu sei que não é o melhor método, mas é o que tem para o momento.

Para não ter que lidar com a culpa de ter me prometido algo e falhar, eu tenho feito esteira todos os dias.

Para não ter que lidar com a culpa de ter prometido ser menos insegura e falhar, eu tenho me controlado para não escancarar tudo o que sinto.

Para não ter que lidar com a culpa de chatear quem eu amo, eu tenho ficado quieta.

Para não ter que lidar com a culpa de que eu sou como sou puramente porque quero, eu tenho me esforçado para me aceitar mais e, mesmo com toda culpa, venho tentando me cobrar menos.

Claro que eu preferia não me sentir culpada, mas nem tudo é perfeito e isso não é culpa minha.

7 de agosto de 2014

Sobre ser SP

Um dia lindo, com sol e céu bem azul, uma alegria meio boba, que te faz rir de graça. Daí o tempo vira, esfria, fecha e chove. E os ventos trazem umas lembranças ruins, coisas que te deixam meio triste, um pouco chuvosa.

Alguns dias são como São Paulo, na mesma cidade, num mesmo dia, você se depara com uma variação de tons e sentimentos que mudam sem aviso. E quando vem a chuva, num dia que começou lindo, só te resta a descrença, mesmo sabendo que a previsão disse que em algum momento iria esfriar. Porque a previsão erra, eu erro e São Paulo também.

Sou natural de São Bernardo, mas tem tanto de São Paulo no que sou, que quando falo da cidade, não sei se é dela ou de mim que estou falando.

Na verdade, acho que todo mundo tem um pouco daqui, mesmo não tendo estado por aqui. São Paulo deveria ser uma condição de espírito, não apenas uma cidade. Falaríamos algo como "hoje estou meio SP" e seria fácil entender como a pessoa estaria se sentindo.

4 de agosto de 2014

Quem muito ri

Não me peça para ser madura, para não ficar triste, porque ao pedir isso, você tá pedindo para que eu não me importe e eu me importo.

Me importo a ponto de querer chorar no trabalho ao lembrar como foi difícil da última vez. Eu sei que talvez para você não tenha tido o mesmo peso, mas para mim teve e só de pensar que passarei novamente por isso e possivelmente tantas outras vezes, meu coração aperta, fica pequeno e me deixa triste demais.

Talvez realmente me falte a maturidade que você tem em não sentir tanto quanto eu, em conseguir não se afetar, ou pelo menos controlar melhor, infelizmente eu ainda fico assim e acho que não vou me acostumar e nem mudar tão cedo.

Eu acordei hoje tão feliz, tão bem humorada, sobretudo para uma segunda-feira. Tô aqui pensando no ditado que diz que quem muito ri, acaba chorando. 

Os ditados existem por um motivo, né?

31 de julho de 2014

A maior mentira já inventada e perpetuada, inclusive por mim, é a que devemos ser nós mesmos.

É mentira.

Não seja você mesmo se for inseguro e carente.

Não seja você mesmo se sentir ciúme e medo.

Não seja você mesmo se não for capaz de lidar sozinho com seus sentimentos.

Não seja assim, seja de outra forma. Seja melhor, mude.

29 de julho de 2014

Tem que ter traquejo

Sempre que fico adoentada, eu fico meio mal além do fator físico. Não sei bem ao certo o motivo, talvez a fragilidade me deixa mais insegura, daí uns pensamentos ruins voltam, uns medos aparecem para fazer companhia, sei lá.

Por mais que esteja disposta e praticamente injetando doses diárias de otimismo, têm dias que são difíceis, têm dias que mesmo com todo esforço alguns pensamentos pipocam e eu lembro de coisas que gostaria de simplesmente esquecer. 

É como se estar doente do corpo, desse autonomia para ficar doente das emoções também. Falam que tristeza adora companhia, né? Deve ser isso, uma coisa que convida outra.

Continuo buscando o desapego de sentimentos, eu ainda não consegui, mas me sinto cansada, porque apanhar dói, mas se esquivar cansa bem mais, requer muito traquejo, sabe?

Mas vamos lá, do jeito que tá, logo mais estarei até sambando. Figurativamente, é claro, pretendo ser algo como a "Rainha do traquejo emocional". Otimismo no final do texto, viu só? ;)

26 de julho de 2014

É ruim

É ruim quando você passa a semana bem, feliz, esperando que o final de semana chegue logo e quando ele chega, dá tudo errado. 

É ruim quando a outra pessoa está tão acostumada com você errando que mesmo que você não erre, ela já viu tudo como um grande erro seu.

É ruim quando mesmo você odiando cobranças, é obrigada a escutar que está cobrando, porque afinal, você cobra e invade, como se vivesse praticamente uma ação do Command & Conquer.

É ruim quando você se empenha tanto em ser melhor e no final escuta que foi longe demais, parece que de nada adiantou tanto esforço.

É ruim quando a outra pessoa praticamente grita que precisa do espaço dela, como se isso não fosse óbvio para qualquer um, inclusive para você, que não tem a pretensão de ocupar todos os espaços.

É ruim que quando você decide que será de fato uma pessoa mais feliz, mais positiva, você ganhe um sábado assim, ruim de lidar.

É ruim, verdadeiramente ruim ter tantas coisas para dizer, mas só poder escrever. Mas acho que é melhor do que nada, né?

O melhor a fazer

- Você não se cansa?
Ele olhou para baixo, pensou um pouco.
- Canso, eu me canso.
Ela olhou pra ele, suspirou e sorriu.  Mesmo se esforçando, mesmo lutando para ser melhor, para ser mais positiva, uma pessoa mais leve, inevitavelmente ela cansava quem queria bem.

Ela sorriu e foi dormir, era o melhor a fazer.

21 de julho de 2014

O caminho inverso

Sexta passada enquanto eu estava voltando pra casa, no ônibus e quase chorando, lembrei da frase do Hemingway, que ele diz "write hard and clean about what hurts" e decidi que chegando em casa eu escreveria tudo, sem filtro, escreveria claramente, com uma sinceridade que talvez não tivesse coragem de ter nem comigo. Mas aí eu fiquei bêbada e achei melhor não escrever. Então hoje, bem sóbria eu vou escrever sobre o que me machuca.

Talvez todo meu mecanismo de estar mal não passe de uma forma torta de chamar a atenção de algumas pessoas e me machuca perceber que cheguei nesse ponto, como se eu tivesse dado um passo para trás. O mecanismo não é diferente do anterior, mas da mesma forma eu preocupo algumas pessoas e talvez assim, de um jeito equivocado, eu acredito que estão olhando para mim, que estou tendo atenção. A Sandra sempre me disse que ninguém fica muito tempo em uma situação se ela não traz benefícios, acho que afinal eu tinha alguns, mas não é preciso ser muito esperta para sacar que olhares de preocupação extrema não medem a importância que temos para os outros.

Eu estou lendo Sidarta, do Hermann Hesse, e no livro, ele passa por um monte de coisas supostamente erradas, ele comete falhas absurdas e chega num nível extremo de fazer coisas que ele sempre considerou ruim. Às vezes parece que a gente precisa pegar exatamente o caminho inverso que sempre acreditou, só para ter conhecimento pleno do que não se deve mais fazer, ou pela certeza de que o caminho antes escolhido é mesmo o melhor para si ou ainda que um novo caminho virá.

Eu fiquei dez dias sem pintar minhas unhas, hoje eu passei um esmalte chamado "passeio". Acho que é um pouco do que deve ser a vida, né? 


Minha mão e minha calça de vovó super quentinha :)


18 de julho de 2014

Um arquipélago de amigos

Das tantas vantagens em escrever, se conhecer melhor pelas palavras é uma das coisas que mais me agrada. Mas escrever é um hábito solitário e nem sempre se basta.

Muitas vezes é preciso externar pela fala, é necessário dialogar, é ter um outro lado com você, é ter um contraponto. Nenhum homem é uma ilha, por mais que alguns tentem, eu me incluo na tentativa, mas não há fraqueza em precisar de alguém consigo, hoje eu sei disso. 

Eu voltei a me sentir muito fraca, muito insegura e nem sempre eu consigo falar disso com alguém, eu tenho amigos, mas são poucos que compreendem, são poucos, mas o suficiente.

São eles que falam que eu não sou louca, que me entendem, que me mandam coraçõezinhos, que dizem que me amam, que me ajudam. São eles que vêm correndo quando eu grito, que dizem que tô errada, que tô vendo coisa onde não tem, que tudo bem eu chorar escondido no banheiro, que tudo bem eu ter medo, que eu deveria conversar e falar tudo o que eu sinto, de uma vez por todas e acabar com tanto sofrimento. São eles que, mesmo distante fisicamente, se preocupam comigo. São eles que entendem quando digo que não quero mais conversar, senão vou chorar e daí me contam algo engraçado. Que falam que vão almoçar, mas que qualquer coisa é só mandar mensagem no whatsapp.

Eu reclamo muito, mas definitivamente não posso reclamar das minhas poucas amizades. São todas escolhidas a dedo, porque nunca fui a pessoa mais amigável do mundo, mas elas são perfeitas. São verdadeiras.

Então, esse texto todo é só para agradecer, porque meus dias andam estranhos, mas fica mais fácil aguentar sabendo que eu até posso ser uma ilha, mas pertenço a um arquipélago.

Obrigada.

17 de julho de 2014

Passaporte

A parte irônica do meu dia é que mesmo quando tento fazer o certo, eu erro.

Erro feio, erro rude.

De boa intenção o inferno tá cheio e pelo visto meu passaporte já tá carimbado.

16 de julho de 2014

A verdade é uma corda

Mesmo sabendo que a verdade é sempre o melhor negócio, às vezes eu fico insegura em fazer uso dela.

Acabo pensando nos tantos avisos que já tive para não ir por esse caminho. Que o ideal é pelo menos esconder o que se sente/pensa. Que o ideal é não transparecer medo ou insegurança.

Tudo isso baseado na ideia de que ninguém gosta de ter alguém fraco ao seu lado e mostrar os próprios monstros, por mais fortes que eles sejam, só remete à fraqueza e falta de controle.

A verdade até pode ser corda para se enforcar, mas também pode ser a corda para te puxar de um buraco.

Eu consegui marcar homeopata para amanhã, espero que ela tenha uma corda, vou pedir ajuda para amarrar uns monstros.

Ps. (atualizando às 23h46)
Pensando bem, é para se enforcar, melhor mesmo pegar o caminho indicado faz tempo. Talvez nem sempre a maioria seja burra, né? Vamos lá, já mudei tanta coisa, eu consigo mais uma. Boa sorte pra mim.

15 de julho de 2014

Amém

Eu tô gripada, com dor de cabeça e pensando numa caralhada de coisas que não queria. Pelo menos umas 5 pessoas já me perguntaram se eu tô bem. O motivo? Eu sacudo a cabeça de tempos em tempos do nada. O motivo? É minha forma de espantar pensamentos ruins. O resultado? Acham que tô maluca.

Então o quadro atual é assim: eu ando por ai sacudindo a cabeça entre um espirro e uma tosse e com cara de sono, hoje em particular porque não dormi bem na noite anterior, mas nos demais dias acho que é por essa gripe horrorosa que parou aqui e que não tem suco de laranja com acerola que faça ir embora.

Eu tô carente/desesperada por uma homeopata, porque a minha não tá atendendo e vou me aventurar a passar numa total desconhecida. Não sei o que será de mim. [drama]

Eu já fiz uma lista do que quero falar para ela, das coisas que têm me afligido ultimamente e quero falar que tô com saudade de como eu era mais equilibrada e mais saudável. E também falar que não tenho conseguido desapegar de problemas, de coisas que me chateiam.

Pode ser que eu chore na consulta, mas daí posso culpar a gripe ou posso apenas sacudir a cabeça. Ou posso ser super sincera e falar tudo, absolutamente tudo o que preciso e que até agora não tive coragem.

Minha consulta é dia 22. Tô quase virando religiosa e orando para dar certo.


13 de julho de 2014

Eu sonhei que algo que incomodava, mas que em hipótese alguma poderia ser dito.

Como se faz para desapegar de pensamentos?

Como se faz quando você acorda às 6h de um domingo com um pesadelo que não têm solução?

Como se faz? Como eu faço? Aliás, faço ou finjo que não é comigo? Tudo realmente precisa de uma explicação, de uma análise?

Será que é exagero meu ou só falta de jogo de cintura?

Eu vou tentar dormir mais um pouco, espero que não sonhe com nada.

12 de julho de 2014

Meu papel

Minha noite teve tantas coisas ruins, tantos pensamentos desconexos e perigosos que já acordei há mais de três horas, mas ainda tô me sentindo estranha.

De tudo, o que mais me assustou foi perceber que, talvez, eu viva uma espécie de deja vu meio torto. Por toda a minha vida eu fui a pessoa com medo de me comprometer e sofri sérias cobranças por isso, hoje, lembrando de algumas coisas, vejo que o meu papel foi invertido e percebi que é um péssimo papel a se interpretar.

Eu não quero protagonizar esse papel na minha carreira.


Ps.
Depois de escrever e ler, fiquei pensando em qual poderia ser o lado bom disso tudo, afinal, falam que tudo tem esse viés, né? Continuo pensando.


10 de julho de 2014

Antes

Eu quase não comia peixe, só alguns poucos, bacalhau nem pensar.
Hoje eu como vários, inclusive bacalhau.

Eu não gostava e nem comia açaí.
Hoje eu como e adoro com creme de cupuaçu.

Eu não sabia cozinhar praticamente nada.
Hoje eu sei fazer cuca de banana, cookies, ossobuco, peixe no papelote e tenho várias receitas na lista para fazer.

Eu nunca tinha sequer sentado em uma bicicleta.
Hoje eu já sentei, andei, cai e tenho cicatriz no joelho esquerdo.

Eu nunca gostei de esportes radicais.
Hoje posso falar que já fiz rafting, viraram o bote comigo, eu achei divertido e gostei, mesmo não sabendo nadar.

Eu nunca gostei de frutas na comida.
Semana retrasada eu comi um lanche que, no lugar do pão, tinha banana da terra. Eu adorei.

Eu sempre fui bem pessimista.
Hoje, ainda que em fase beta, eu me esforço todo dia para ser mais otimista e tem dado certo.

Eu sempre gostei mais de livros depressivos.
Hoje eu evito, tenho optado por livros que não me carreguem para baixo.

Eu nunca soube e nem costurei nadica na vida, nem um trapinho.
Hoje eu já sei o mínimo e costurei uma blusa e um casaco. Já tem mais de um mês, a costura nem soltou.

Eu simplesmente assumia que não sabia fazer as coisas.
Hoje eu sei que posso aprender.

Eu sempre vi apenas o lado ruim das coisas.
Hoje eu sei que se me esforçar só um pouquinho e me permitir olhar além do meu costume, eu encontro algo bom, assim como encontrei você.

1 de julho de 2014

Um compêndio e um pinguim

Eu queria escrever tantas, mas tantas coisas, só que acho que ficaria meio desconexo aqui. Vou então escrever por partes separadas por linhas. 
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Às vezes, quando alguém me acha sensacional ou que eu sou especial, foda e derivados, eu tenho receio, fico com medo porque não consigo me enxergar assim, mas se a pessoa gosta de mim e vê isso, logo eu entro numa neura, fico pensando que se ela gosta de mim "achando que sou assim" eu preciso então ser "assim", essa coisa aí entre sensacional e foda que eu, francamente, sempre acho que a pessoa que acha isso de mim tá meio maluca, porque se eu não for "assim" vou decepcionar e consequentemente perder o amor dela.
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Hoje eu sonhei com um pinguim, sonhei que estava na rua e um pinguim lindo vinha na minha direção e eu me sentava na calçada e ficava ali, parada com o pinguim do meu lado. Até que eu acordei às 4h da manhã com vontade de fazer xixi e não dormi mais. Mas daí fiquei lá na cama pensando e pensando, e percebi que algumas decisões são difíceis de tomar porque, eu pelo menos, tenho medo de errar, eu tenho medo de decidir por algo e ter feito uma escolha ruim, mas talvez a escolha não seja nada disso, seja apenas uma escolha, apenas um passo que não significa que não posso mudar de ideia. Eu tomei uma decisão, ela ainda me deixa um pouco insegura, mas descobri que se eu for racional quando isso acontecer, eu contorno a situação. 

O lado difícil de ser racional é que isso só acontece quando o emocional já tá quase alagando tudo, mas tudo bem, pelo menos eu tenho uma saída. E afinal eu tomei uma decisão, é melhor do que ficar perdida sem saber o que fazer, pelo menos pra mim.

Fui ler sobre a simbologia do pinguim no sonho e ela é boa, diz que meus problemas serão resolvidos antes do que eu espero e que tô me preocupando sem necessidade com algumas coisas. Fala também que eu posso estar me colocando para baixo por conta das minhas emoções e que preciso encontrar equilíbrio e harmonia. 

Eu nunca vi um pinguim andar com equilíbrio ou harmonia, mas tudo bem, eu acho eles lindos e adorei sonhar com um. Vou levar como um sonho positivo. E fofo.
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Eu quero aprender a andar de bicicleta, andar mesmo, porque da outra vez eu consegui, mas nada de espetacular, mas tá um pouco difícil colocar isso em prática. A opção que não cobra é meio confusa, aqui em São Bernardo só tem 1 vez por mês e eu acho que isso não é o suficiente. Mas a opção que cobra, cobra algo que tô meio capenga para pagar, pelo menos esse mês. Não sei o que fazer, se pego uma bicicleta aleatória e fico caindo dela até aprender ou se apenas fico quieta esperando até o próximo mês. Às vezes acho que espero demais, seja no tempo ou na expectativa nas coisas.
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Sobre expectativas, percebi que ainda as crio, sobretudo porque muitas vezes eu espero uma atitude minha no outro e fico triste em perceber que ela não é recíproca. É muito ruim quando você percebe que chegou num ponto e está sozinha. É um sentimento que acho que não conhecia, é novo pra mim. Eu estou tentando ser o mais madura possível, mas é frustrante perceber que nem sempre estar um passo à frente é positivo, pode ser apenas solitário mesmo.
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Eu voltei a fazer esteira, isso me deixa bem, ainda me dá uma preguiça do caralho, mas me deixa bem quando eu termino. Eu durmo melhor, me sinto mais feliz e mais disposta. Acho que isso é positivo.
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Tá rolando a Copa aqui no Brasil e eu tô achando bem legal. O último jogo do Brasil senti um misto de emoção do tipo "nossa, vou morrer" com "meu deus do céu que alegria" e fiquei pensando que seria uma boa definição da minha vida em alguns momentos, com uma dose de drama, claro.
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Eu tenho passado por uns momentos ruins, mas acho que eles são só isso, apenas momentos, na maior parte do tempo eu tô feliz, então acho que tá tudo bem.
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E esta citação é para me fazer lembrar que as coisas mudam, até estando paradas.

Ilustração de Ana Victoria Calderón

30 de junho de 2014

O tatu e o coração

Eu não me acho uma pessoa muito estável, às vezes, como por exemplo hoje, o dia corre bem, eu tô feliz, tá tudo bem, mas daí meio que do nada surge uma insegurança.

Uma daquelas que me faz sentir pequena, que faz querer chorar e eu penso em tantas coisas ruins, que sinto que meu quarto pode me engolir, sinto que me encolho, quase como um tatu bola, sinto que perco a força para controlar esses pensamentos ruins que surgem do nada.

Fico pensando quase que desesperada quando isso vai passar, quando eu vou ser mais madura, mais estável, mais segura, mais tranquila com a vida. E então, sem que eu fale nada ou demonstre qualquer insegurança dessa que acabei de falar, ele manda mensagem falando que me ama, assim, gratuitamente.

E assim, gratuitamente, eu choro, porque no fundo, quer dizer, na verdade nem tão no fundo there's a tender heart inside that ugly armadillo e eu sou uma chorona de marca maior.



26 de junho de 2014

Ps.

Não teve jeito, eu lutei o dia todo, mas acabei comendo o pedaço de bolo que aquele sentimento besta ofereceu.

Agora ele tá aqui no quarto comigo, falando um monte e ocupando metade da minha cama.

Eu só peço que ele durma logo, assim eu durmo também.

Bolo no final da tarde

Muito se fala do desapego, eu sempre leio sobre e normalmente penso no lance de consumir menos, de comprar e ter, essas coisas mais palpáveis. 

Eu tenho pensado muito no desapego de sentimentos. No quanto eu quero simplesmente deixar alguns de lado, largar mão deles, mas parece que é mais fácil largar minhas roupas, meus livros e meus sapatos do que abandonar alguns sentimentos.

É difícil jogar sentimentos fora, parece que na verdade você brinca de esconde-esconde com eles, sobretudo naquele momento que você pensa com calma e percebe que tudo o que você está sofrendo foi porque criou expectativa com base em si mesma, a partir daí é fácil notar que você não pode fazer nada.

Mas então, você toma aquele respiro de maturidade, lembra que expectativa é algo injusto demais, com você e com o alvo dela, daí você sorri, e decide deixar pra lá.

Parabéns, é aqui que você tem a impressão de que você deixou o sentimento ir embora, que você finalmente venceu uma batalha, que sua idade te fez minimamento mais sábia. Mas a verdade é que o sentimento só foi tomar um café, no máximo um lanchinho, e ele volta depois, volta sim, se bobear traz até bolo no meio da tarde.

Neste retorno, resta olhar nos olhos dele, sorrir ainda que um pouco triste, agradecer o pedaço de bolo e explicar que está de dieta.

Uma dieta que, embora não seja restritiva, têm regras claras quanto a sentimentos como ele e que, afinal, o problema não é ele, é você. Ele continua igual, como sempre foi, mas foi você quem mudou, ou pelo menos quer muito mudar, inclusive a ponto de negar um pedaço de bolo.




23 de junho de 2014

Fingi na hora de rir

Saí com minha mãe hoje, ela me perguntou se eu estava bem, como que já sabendo que eu não estava. Menti, como sempre faço, disse que sim, estava bem. Ela insistiu e eu disse que estava cansada. Ela falou que eu sou muito nervosa, que "não é bom ser assim, filha". Não, não é bom. 

Frequentemente eu escuto de pessoas que gostam de mim que não me entendem, porque eu me deixo afetar por coisas pequenas, ou porque do nada eu fico triste.

Sabe, eu também não entendo bem quando entro nessas fases, mas me sinto um ponto pior quando preciso ouvir isso, que não me entendem ou que "porque você é assim? é tão melhor ser alegre".

Eu sei disso, eu só não sei sempre fazer tudo certo, eu não sei fingir perfeição, é só isso.

21 de junho de 2014

Florescer

As flores não competem entre si, elas simplesmente florescem, foi o que li dias desses, é bonito, né?

Gostaria de ter essa coisa de flor, não que eu esteja competindo, mas essa calma de apenas ser, essa leveza.

Meus dias estão estranhos, minha semana foi complicada. Eu não sei o que tá rolando comigo, tenho ficado doente com frequência e isso tem me chateado demais, porque fico tentando entender o que eu fiz de errado, o que tô fazendo, porque meu corpo tá respondendo assim?

O que eu tô ignorando tão sumariamente que tá fazendo meu corpo gritar de todas as formas possíveis?

E cada dia que eu passo mal, parece que perdi algo, perdi exatamente a chance de estar bem e eu sinto que isso tudo é culpa minha, como se eu merecesse de alguma forma, como se eu fosse fraca demais para falar o que me incomoda e permitir que meu corpo adoeça.

E às vezes, em madrugadas assim, que eu sinto falta de falar com alguém que não me julgue, eu sinto falta da Sandra, sinto falta das terças-feiras, sinto falta de estar bem como estava antes.

Só florescer, sabe? Eu não sei o que tá acontecendo comigo, não sei mesmo. Mas ando com a sensação frequente de que tô fazendo algo muito errado.

16 de junho de 2014

As mentiras que compramos

A gente sempre sabe o que quer, sabe exatamente, eu sei pelo menos, mas e o medo, né? O que a gente faz com o medo que surge e te aterroriza um pouco toda vez que você pensa "eu quero isso e seria capaz de dar esse passo, mas queria alguém comigo, o quanto isso é feio, é ser fraca?"

Tenho cada vez mais acreditado que para muitas coisas eu nunca estarei pronta, que talvez a única forma de fazer algo é me colocando na situação de risco. Porque pensando aqui comigo, eu sempre dei conta do que me propus a fazer, sempre consegui, mas dá medo de ser a primeira vez a dar errado, ninguém gosta de errar.

Eu acordei feliz hoje, aliás como tenho estado por esses dias, mesmo com algumas arestas, mas feliz. Daí eu fiquei ociosa e resolvi ver os valores para alugar apartamento em São Paulo, a felicidade foi quase embora, ela ficou tímida, com vergonha de estar por aqui.

O que mais me cansa nisso tudo, nesse meu querer de mudança, é que eu sei que não terei ajuda de ninguém. É algo que compete unicamente a mim, eu tô literalmente sozinha nessa, isso dá medo e uma quase vontade de chorar no meio da tarde, porque eu sinto que tô ficando cada dia menor por não conseguir dar esse passo. É como se o tempo passasse e eu me encolhesse, com vergonha de estar com 32 anos e não conseguir dar esse passo.

Com medo e com vergonha de não ser autossuficiente, ainda sabendo que a autossuficiência é uma balela, uma balela que eu queria ter na minha vida.

*a nova grafia de autossuficiência é muito feia.

10 de junho de 2014

Você precisa saber


Você precisa saber que eu sou meio insegura, sei que isso não é muito atraente, mas às vezes eu odeio minha roupa, meu cabelo, meu corpo e eu toda.

Você precisa saber que muitas vezes, quando estou quase dormindo, eu dou uma roncadinha, daí me assusto com o barulho e acordo.

Você precisa saber que quando eu estou muito irritada, meu nariz coça.

Você precisa saber que eu gosto de planos, mas eu não ligo de ser surpreendida.

Você precisa saber que eu posso ser ciumenta, sei que isso também não é atraente, mas eu me esforço para não ser muito.

Você precisa saber que eu gosto de escutar música enquanto tomo banho e meus banhos são longos.

Você precisa saber que meus pés são gelados no frio e que eu vou esfregá-los em você até esquentar.

Você precisa saber que meu cabelo é sempre sem graça, ele no máximo fica estranho com um pouco de frizz, mas penteado não para nele e nem nada que eu tente fazer de bonito.

Você precisa saber também que eu não gosto de prender meu cabelo, porque acho que tenho cara de bolacha e me sinto uma Trakina gigante quando prendo.

Você precisa saber que quando não pinto minhas unhas é porque estou mal e quase pedindo ajuda.

Você precisa saber que eu não sou boa em pedir ajuda, mas eu vou aceitar se você oferecer.

Você precisa saber que eu ataco quando me sinto acuada, mas é puro medo.

Você precisa saber que eu quis muito te encontrar e já faz tempo.

Você precisa saber que eu sou medrosa, mas com você eu tenho coragem, tanta coragem que escrevo uma declaração de amor meio torta e ainda publico aqui.

Você precisa saber que me sinto feliz.


5 de junho de 2014

I think I'm dumb

Sabe quando você toma um susto? Um daqueles que faz você perceber que no fundo, quer dizer, nem tão no fundo, muito do que você é pode se resumir como uma romântica, babaca, inocente? 

Então, parece que tenho 32 anos e com foco na vida de uma moçoila de 15.  
Eu canso de ver essa coisa do "comer os olhos e lamber com a testa", sabe? A coisa do "opa, namoro mas olho pra todo mundo, ué, qual o problema? Eu quero comer tudo mundo, mas não como, é diferente". 

Como pode ser diferente? Como alguém consegue achar normal o desejo frequente por outras pessoas, além do que sente pela pessoa que está com ela? E no fim, no meio de todo mundo, eu acho que tô errada, porque geral é assim, né? Deve ser imaturidade minha isso tudo.

Sou babaca por pensar assim, né? Ok.

Quando eu fiquei solteira percebi que muito da minha dificuldade em me relacionar com outros caras estava no fato de que eu mal olhava para eles, porque eu ainda carregava em mim esse sentimento de quando era "comprometida" e não olhava, nem dava brecha pra ninguém, daí passei por um processo de mudança em olhar mais para os homens, digo OLHAR mesmo, sabe? Mas na verdade acho que nunca fiquei muito boa nessa técnica aí, eu sou bem cuzona na arte de paquerar. Me perco, não sei o que falar e falo demais, sou sincera demais e estrago tudo.

Hoje tá rolando greve do metrô aqui em São Paulo, eu demorei 4 horas para chegar no trabalho e a estimativa da volta não tá diferente, contudo eu acordei de bom humor, o dia está até que bonito, mesmo estando frio, eu consegui ficar sorrindo e de boa, mas agora já tô achando meu dia uma merda, sei lá.

Uma musiquinha do Nirvana para fechar, porque é equivalente ao que tô sentindo, meio idiota e meio juvenil.


29 de maio de 2014

Uma história de metrô

Hoje eu fui mais tarde para o trabalho, porque fui fazer um exame, quando entrei no metrô, tinha um senhor sentado naqueles bancos para obesos e um lugar vago, eu fiquei perto, mas não sentei, eu nunca sento nos bancos reservados.

Ele me olhou, sorriu e perguntou se que queria que ele segurasse a minha bolsa, eu agradeci e disse que não precisava, porque desceria em duas estações, daí surgiu um diálogo.

- Você é linda, menina, linda como uma criança, sabia?
- Ai, brigada [eu meio sem graça]
- De verdade, nunca, mas nunca mesmo perca esse brilho que você tem, nunca perca esse sorriso, você sorri como uma criança.
- Você tem descendência oriental?
- Não, mas quando era criança achavam que eu era japonesa, acho que é porque meu rosto é muito redondo.
- Redondo é uma forma perfeita.
- É, acho que sim [disse rindo]
- Você faz ioga?
- Não, nunca fiz.
- Você iria gostar.
- Você é de que lugar do Brasil?
- Sou daqui mesmo, de São Bernardo.
- Ah, você é daqui, eu moro perto do zoológico.
- Sei, lá é frio! Eu passava por lá quando ia para faculdade.
- Frio é relativo, é tudo questão de como você pensa. Eu soube de um homem que foi colocado numa câmara frigorífica desligada, mas ele não sabia que estava desligada, ele ficou doente só de pensar no frio. Tem que tomar cuidado com o que a gente pensa, a gente pode congelar por nada.
- É... [aqui eu estava sentindo que tinha tomado um tapa na cara]
- Eu vou descer aqui [estava chegando na minha estação]
Eu dei um abraço nele, percebi que ele ficou surpreso.
- Menina... obrigado!
Daí ele me disse algo que não entendi, me falou que era sânscrito e que significava "que você e todos a sua volta sejam completos, que você sorria e seja feliz sempre"

Eu fiquei realmente feliz :)

28 de maio de 2014

Um outro lugar

De uns tempos para cá, durante a semana eu me sinto bem cansada, bastante desanimada, meio qualquer coisa entre essas duas. Eu tô bem, mas é como se eu estivesse meio apática com minha vida em alguns aspectos.

Eu preciso muito mudar, mas eu não sei direito como fazer, me sinto meio perdida, como se eu ainda fosse criança e precisasse da ajuda de alguém a todo momento.

De tempos em tempos eu me repito, de tempos em tempos eu fico mal pelo mesmo motivo, mas agora eu sinto que meu limite está muito próximo.

Como se minha vida precisasse virar, mudar totalmente e me colocar em outro lugar para ser ocupado. Um lugar em que eu sinta que é meu, que eu sinta que sou essencial para que ele funcione.

Eu realmente preciso fazer algo além de escrever e cortar o cabelo, como se isso mudasse muita coisa.