25 de agosto de 2013

When i'm sixty four

Quando eu tinha 15 anos imaginava que chegando aos 30 eu seria uma pessoa equilibrada, madura e tudo aquilo que vi nos filmes da sessão da tarde. Trabalharia, seria realizada profissionalmente, viajaria e saberia lidar com os homens sem grandes traumas.

Precisei fazer 31 para perceber o quanto estive errada aos 15, quer dizer, eu só acertei em trabalhar e ser realizada profissionalmente, pelo menos tô caminhando para isso, mas de resto... 

Gostaria de viajar no tempo apenas para me avisar, lá com 15 anos, que a expectativa realmente é a mãe da merda. Não que seja ruim como eu tô hoje, mas tá longe do que eu esperava.

Só isso, totalmente diferente do que esperava. Agora, como sou dada às expectativas, tô pensando como serei quando estiver 64. 



'cause who will need me?
who will like me?
when i'm sixty four.

15 de agosto de 2013

Um homem tipo Ramones

- Tô cansada.
- Eu também, cansado de tanta merda, de tanta gente estranha.
- É, então, só uns caras complicados, é muita enrolação.
- As pessoas poderiam ser mais simples, mais diretas.
- Tipo Ramones, né?
- Ramones?
- Isso, queria um cara tipo Ramones, bom, simples, sem frescura e divertido.
- Não é muito inteligente ahahaha
- Claro que é! I don't want grow up, Poison heart, Take it as it comes! Só musicão!
- Take it as it comes é do Doors...
- Ai, verdade, mas eles são tão fodas que sacam uma música boa, regravam e não estragam.
- Um cara Ramones deve ser meio roots, não sei não.
- Melhor que um cara Smiths.
- Pra mim aparece uns caras Coldplay, não reclama.
- Hahahah coxinhas.
- Você tá aí falando que quer um cara Ramones, mas você não é uma mina Ramones, você tá mais pra Strokes, parece que é simples, mas se ouvir bem, é fresca, cheia de coisas.
- Porra, o último disco do Strokes é ruim demais, não faz isso comigo, tinha a música lá do Calypso!
- Hahaha não, você é até Room on Fire.
- Putz, Reptilia foi o toque do meu despertador por tanto tempo, quase comecei a odiar a música.
- Viu? Você é Strokes e tem um toque de Smiths, é dramática.
- Que merda, assim eu nunca vou conseguir um cara Ramones.
- Acho que caras Ramones não curtem Strokes com Smiths.
- Que depressão.
- Olha o Smiths aí, segura o drama, foca no Strokes, tem mais chance de enganar.

Vamos lá, foco no Strokes.


Camomila, calmamila

Eu tô achando que tudo é uma grande piada, mas preciso contar. Vamos lá, a coisa deve ser longa, me acompanhe, amigos.

Eu tenho enxaqueca desde os 12 anos, quer dizer, tenho enxaqueca há 19 anos. Bom, eu já fiz de tudo, todos os exames, tomei antidepressivos que me doparam, tomei injeções na veia pelo menos uma vez ao mês, além de todo tipo de remédio que possa imaginar, já passei um dia me drogando tanto que desmaiei, cai da cadeira e bati o rosto, estando de óculos. Enfim, tudo isso para dizer que já tinha aqui comigo consolidado a ideia de que EU TENHO ENXAQUECA. 

Basicamente consegui identificar dois gatilhos das dores: alimentação e nervoso. A solução? Fiz [faço] acompanhamento com nutricionista e reeducação alimentar, com pitada de dieta. Faço terapia, uma forma de buscar o equilíbrio mínimo, não pirar, diminuir ansiedade, me entender e aquela porra toda.

Bom, as dores têm voltado um cadinho, esses dias tive um treco no olho, uma aura e fui no oftalmo, soube que tenho enxaqueca retiniana, porque a vida tem que ter emoção. Ok, não é grave, é só um fenômeno que me deixa com a visão comprometida por uns 30 minutos.

Eu marquei neurologista, fui lá hoje e, olha, eu ainda não consegui entender o que aconteceu.

Primeiro ele disse que eu não tenho enxaqueca coisa nenhuma, que enxaqueca com dores por 3/4 vezes ao mês NON ECZISTE, que normalmente se tem uma crise ao mês, quer dizer, tô explorando a minha enxaqueca, ou o que quer que seja, e fazendo ela trabalhar mais do que deve. 

Depois ele quis saber se eu era ansiosa, disse que sim, que inclusive fazia terapia há 2 anos e que tinha melhorado. A resposta? 

- Eu quero um diagnóstico da sua terapeuta, e não me venha falar que faz aconselhamento, porque se você passa por ela 1 vez por semana, por 2 anos e está assim, tem algo errado. Ou você virou amiga dela e vai lá pra bater papo ou algo muito pior.

Depois disso tudo e eu ficando sem reação e muda, do jeito mais babaca possível, porque eu sou assim, eu tenho reação retardada e só sei o que dizer depois de um tempo, perguntei o que poderia tomar em caso de dor e, senhoras e senhores, a resposta para todos os problemas não é 42, é...

[rufem os tambores]

CAMOMILA!

SIM! CHÁ DE CAMOMILA! ESTA É A SOLUÇÃO DA MINHA VIDA.

Não é a reeducação alimentar, não é terapia, eu só preciso tomar chá de camomila que tudo vai ficar bem, porque, segundo ele, eu tenho um quadro de ansiedade e AGRESSIVIDADE, de onde ele tirou a agressividade eu não sei, porque eu nem bati nele, acho que deveria, mas apenas fiquei tão chocada que me limitei a fazer cara de paspalha a consulta toda. [usar casaco vermelho e bolsa de caveira mostra agressividade? Só se for isso]

Duas ironias:
- eu odeio chá de camomila.
no parquinho as professoras me chamavam de "camomila" porque eu era calminha e eu ODIAVA ser chamada assim. 

Bom, eu saí de lá com uma receita para comprar 1kg de camomila, mas de feira, porque de saquinho não pode, e com minha confiança meio bêbada, porque um médico falou em tom irônico que eu faço terapia há 2 anos e continuo "assim". Tô ainda pensando o que é "assim".


13 de agosto de 2013

Eu minto

Você me pergunta se eu tô bem e sabe o que eu faço?

Eu minto. Assim, simples. Sem drama. Eu apenas digo que sim, que tá tudo bem, porque quando te disse que não estava, você não quis saber o motivo, apenas falou para tomar uma cerveja que melhorava, mas sabe, eu não bebo cerveja. 





Não foi sem querer ;)

7 de agosto de 2013

Uma pausa

Três pessoas notaram surpresas que eu não pintei as unhas, para as três eu disse a mesma coisa "é, não pintei e nem vou, pelo menos por essa semana". A pausa é simbólica, eu entendi o que eu fiz, tornei a pausa visível, pelo menos pra mim e tá assim, tô aceitando a pausa. Tô aceitando a dificuldade que eu sei que vou lidar. 

Eu já estruturei tudo, até escrevi o que preciso falar, na verdade eu não vou falar pessoalmente, eu não sou forte assim, mas eu vou comunicar de alguma forma a decisão da minha pausa e, com sorte, da ruptura.

Eu chorei muito hoje na terapia, chorei e ri, chorei e me culpei, chorei e resolvi desatar. Ela me perguntou porque ainda não tinha feito, respondi que queria falar com ela antes, momentos assim me dão insegurança e, controladora que sou, preciso saber de algumas variáveis. Agora eu sei.

Num dos momentos do choro, eu me culpei. Me culpei por ter entrado conscientemente numa situação que me faz mal e percebi que a minha dificuldade em sair, está no fato de que saindo, admito que errei, que fiz uma má escolha, mas a verdade mesmo é que eu eu demorei a entender que não preciso ficar para sempre numa situação só porque inicialmente achei que dava conta. Desculpa, não dou e vou sair.

Queria ser mais madura e menos covarde, porque por alguns momentos, penso como seria lindo se tudo simplesmente desaparecesse, tudo acabasse sem que eu precisasse me expor, sem precisar escancarar umas feridas que achei que estavam todas já com cascas. Já experimentou arrancar casca já bem seca de uma ferida? Então, deixa marca.

Uma pausa e, quem sabe, um pouco de sorte.

5 de agosto de 2013

Não fiz as unhas e tá tudo tão estranho

Eu não pintei minhas unhas. Pode parecer fútil, mas é sempre grave quando isso acontece, eu não deixei de pintar porque estava fazendo algo sensacional e não deu tempo. Foi simplesmente porque eu não quis, um não querer de pouco importar, de indiferença, como se qualquer coisa não fosse resultar em nada mesmo.

Eu não pintei as unhas e nem quero, nem hoje, nem amanhã. Eu passei o dia sentindo como se eu tivesse de ressaca e, embora eu tenha saído a noite passada, eu só tomei água e uma coca zero. Eu não sei porque me sinto como se tivesse de ressaca.

Foi uma noite estranha, eu nem bebi, e eu acho que deveria estar alegre, mas não. Daí hoje não fiz as unhas e tinha um freela para entregar e eu que sempre preciso encher linguiça nos meus textos, inclusive de trabalho, porque costumo ser sucinta demais, ultrapassei o limite solicitado de caracteres.

Noite passada estava quente na festa onde eu estava, então por umas duas vezes eu sai da pista, fiquei sozinha encostada num canto, tomando um ar. Nesse meio tempo, acho que uns 5 ou 6 caras vieram falar comigo. Praticamente todos falaram a mesma coisa, queriam saber porque eu estava sozinha e se eu estava bem, que eu era muito bonita para estar sozinha e sabe, eu estava bem, só estava lá, na minha, mas parece que mulher não pode ficar sozinha. Uma mulher sozinha é uma coisa triste.

Será que eu fui manipulada e tô acreditando nisso? Que eu sou triste por estar sozinha? Tá tudo tão estranho e mais estranho ainda é que queria escrever pra você, coisa que não faço tem um bom tempo, mas você nunca iria ler isso aqui mesmo.