10 de junho de 2013

S a u d a d e

Eu acordei com um misto de saudosismo e melancolia, lembrei de quanto eu tinha 15 anos, do meu primeiro emprego numa videolocadora, de passar as tardes ouvindo a trilha sonora do "Singles" e de trocar os cartazes dos filmes com o Robson e com o Renato, dois rapazes que trabalhavam na loja ao lado da locadora. Foi ali que descobri meu primeiro flerte, me sinto idosa falando assim, mas foi. Com o Renato tive uma sensação estranha num dia que ele chegou perto demais de mim e eu não soube o que era aquilo, hoje eu sei, era tesão.

O Robson um menino de olhos verdes, sardento, lindo e palmeirense [sina com o Palestra], me irritava de alguma forma, mas passava as tardes me fazendo companhia, um dia ele me disse pelo messenger que queria falar comigo, eu disse "fala" e ele "amanhã eu falo" e eu "você quer falar que gosta de mim, não é isso?" e ele "é...". Eu ri, gente, eu apenas ri e não soube o que dizer. Hoje jamais faria isso, sobretudo porque eu não ri da cara dele, eu ri da minha, porque embora eu sentisse o interesse dele por mim, eu achava impossível atrair alguém. 

A história se repetiu com meu primeiro namorado do colégio, o Beto. No grupo de amigos tinham meninas lindas, meninas bem mais "crescidas" do que eu, muito mais "femininas", digamos. E o meu susto foi absurdo quando eu soube que ele queria ficar comigo. Foi um tropeço sem tamanho e ele me deu presente, foi na minha casa e a gente acabou indo para um show do Charlie Brown Jr [ai, passado que condena] e dos Paralamas do Sucesso, lá no Riacho Grande e na volta pegamos a maior chuva, mas voltamos o caminho todo de mãos dadas e nos beijamos. A coisa foi indo e eu pensava comigo se aquilo era alguma pegadinha, algo no estilo "Carrie, a Estranha", pensava se ele não estava comigo, sei lá, por uma aposta, qualquer coisa do gênero e achava que a qualquer momento tudo aquilo iria se mostrar como uma piada, mas isso nunca aconteceu.

Eu acordei com muita saudade dessa época e vim o caminho todo do trabalho pensando nisso e em como eu gostaria de voltar no tempo, de rever o Robson, eu queria até procurar por ele, mas não lembro o sobrenome, uma pena. E no meio disso tudo, pensei, será que temos vontade de voltar para o passado quando o presente não está bom o suficiente? Emocionante o suficiente? Será que é uma forma de covardia? Recorrer à uma lembrança segura que já sabemos como começou e terminou?

E eu também pensei no quanto a minha insegurança é antiga, porque desde muito nova eu nunca vi poder de atração em mim, isso foi algo que eu descobri bem tardiamente, mesmo porque, até os 15 anos eu só queria saber dos discos do Maiden, de comprar Rock Brigade e de ler. Eu ainda estou aqui pensando em tanta coisa, mas tanta coisa que sinto um misto de vontade de rir e de chorar. Saudade machuca sim.


E se é para doer, a gente faz com maestria e escuta a trilha daquelas tardes :)





Um comentário:

Antônio LaCarne disse...

querida, ler as coisas que você escreve me livram das superbarras dos dias hiper toscos e poucos sensíveis.

grande abraço!