31 de julho de 2012

Direção errada

Aquela vontade de fazer alguma coisa errada, pegar um caminho duvidoso, um momento de prazer e seis momentos de raiva, só para ter alguma movimentação, sabe como é? 

Quando não tem nada certo, o estrago sempre parece uma saída, no mínimo, divertida.

22 de julho de 2012

Interior das lembranças - Parte 2

A viagem foi boa, esclarecedora, eu diria. Minha vó está com 92 anos e ela chorou de emoção ao ver eu e minha irmã chegando, eu só conseguia sorrir. Embora ela esteja doente, foi bonito ver uma senhora com essa idade sendo matriarca com tanta força. É lindo ver o respeito que todos têm por ela e o poder que ela exerce.

Mas, por outro lado, pode ser complicado reviver algumas lembranças e o receio que eu estava da viagem, acabou sendo fundamentado e me fez perceber bem claramente o motivo do meu afastamento da minha família.

É a frequente sensação de inadequação, de que tem algo muito errado comigo porque não me porto como eles, não sou uma pessoa de sorriso fácil, não sou do tipo que abraça todo mundo, que faz carinho, que diz que adora. Nas bastasse a sensação de não pertencimento, tem a comparação com minha irmã. Claro que eu não atribuo nada disso a ela, se nos comparam, não é por culpa dela, eu bem sei. Mas fato é que não sei lidar, me magoa sempre ser alguém "diferente" num tom pejorativo e isso acontece desde a infância e, com família, como nos conhecem desde feto, parece que comparar é algo instintivo, não sei bem, mas é quase crueldade ao meu olhar:

- Ela é tão sorridente, tão linda! Já a Milla... ela é diferente, né?

Podem chamar de imaturidade, talvez seja mesmo, mas eu cansei de ser "diferente", cansei de me sentir errada e inadequada na família. Às vezes não há solução melhor que a distância, nem que seja por um tempo. Eu fiquei 10 anos sem ir até lá e só hoje percebi o motivo.

"O lado bom das lembranças ruins é que elas são só lembranças. Quando elas chegam, é só pensar em outra coisa, ou tratar de fazer algo de bom pra ter melhores lembranças depois." foram as palavras da Aline Costa, e bem, acho que estou no caminho certo, acho que venho fazendo por onde ter melhores lembranças.

Interior das lembranças

Amanhã eu viajo, vou para o interior ver minha vó, coisa de uma dia, coisa simples. A cidade é Pedro de Toledo e não sei precisar quanto tempo não vou pra lá, só lembro que a última vez foi com um amigo que morreu, com o Guilhermo. Eu sinto falta dele, muita.

Eu passei parte da minha infância lá, comendo banana e farinha com açúcar, passei com primos e primas que hoje não sei se conheço mais, acredito que a maioria esteja casada. Aquele lugar tem tanta lembrança que não sei bem o que esperar, o que vão me dizer, se mudei, se me transformei em alguém tão estranho quanto eles podem ser pra mim. Eu confesso que estou um pouco ansiosa, quase nervosa. Acho que deve ser normal, né?  Uma viagem para o interior, num sentido amplo. 

Espero que seja bom.

13 de julho de 2012

A delicadeza de um hipopótamo


É mais ou menos como chegar em um lugar e falar para uma pessoa "caralho, não tem ninguém legal aqui, né?", você consegue perceber o que tá implícito aí? Pois então, eu entendo você achar isso, mas lamento que tenha dito, falta de delicadeza é uma coisa triste.

4 de julho de 2012

Amor de Horácio

Quando tudo fica muito exaustivo, a ponto de achar que não vou dar conta, que vou pirar, matar ou ser morta, eu sinto falta de alguém que me abrace no final do dia, nem que seja virtualmente, pelo telefone, um sms, um carinho dizendo para ficar calma, para me ajudar a recobrar a força que tenho, uma afirmativa de que tudo vai dar certo, porque com amor a gente supera tudo, não é isso? Foi o que ensinaram do amor e da força dele. Mas daí que não, não tem esse amor, eu só posso superar tudo pelo amor próprio e pela minha sanidade, porque não tem quem me pegue pela mão, quem acalme. 

Amor próprio não deixa de ser amor, eu sei, mas ele tem os bracinhos curtos, como o Horácio, ele não consegue abraçar ninguém por completo, acho uma pena. Tão bonitinho o Horácio...