29 de setembro de 2011

Chora que passa

Daí eu recebo e-mail da Gi falando "você não é louca e nem deu de louca, eu entendo perfeitamente o que você disse" e termino a minha noite chorando quietinha. É choro de cansaço, é choro de raiva, é choro de alívio que alguém não me ache louca, porque certas coisas me parecem tão surreais que eu não tenho mais reação, eu apenas me despeço sem nem saber o que dizer.

Resta torcer para que corretivo faça milagre nos meus olhos amanhã.




19 de setembro de 2011

Dez caralhos

Canseira é a palavra do dia, porque eu me sinto a maior filha da puta sofredora [nem é associação ao fato de ser corintiana] e me odeio por sentir assim, eu odeio coitadismo, a minha vida podia ser pior, eu sei. A sua também, mas você reclama mesmo assim, certo? Me deixa então.

Pode me xingar de dramática, maluca, sem noção que xinga muito nas internê, o dia tá tão completamente na merda que não ligo, será a cerejinha do bolo que eu não posso comer.

Eu tô cansada...

Cansada pra caralho de não ter uma filha da puta de uma pessoa que me faça cafuné enquanto eu chore querendo que o mundo acabe.

Cansada pra caralho de trabalhar, me foder, nem gozar com isso e ainda continuar pobre.

Cansada pra caralho de acreditar em meia dúzia de palavras doces que deixo quem não deve me dizer.

Cansada pra caralho de ser burra e me enfiar, de novo, em situações que já me machucaram antes.

Cansada pra caralho de não me aceitar como sou.

Cansada pra caralho de não integrar a turma de sucesso do último verão.

Cansada pra caralho de competir com a Terra em volume d'água ao beber 5 garrafas de água por dia e fazer dieta.

Cansada pra caralho de ser mulher, queria mesmo ser homem e ter um caralho, porque "a vida é muito menos visceral quando se carrega um pênis consigo"

Não há melhor frase que caiba nesse momento, ter um caralho seria uma solução.

13 de setembro de 2011

A [minha] natureza

Um dia no parque, pé na grama, uma turma descalça e cantando juntas. Violão, um bongô, quem sabe. Um cigarrinho [qualquer tipo], o solzinho batendo nas costas. Os caras de bermudas e as meninas de saias longas, muitas cores, cabelos soltos, borboletas, um vinho ou uma cerveja. Sair da correria que é nossas vidas, do cinza, das ruas, do frio e do concreto dos prédios. Deixar a natureza te cercar, sabe como é?

Então, eu sei e odeio. A minha versão do dia no parque é mais ou menos assim:

Com os pés descalços, vou pisar em qualquer coisa estranha que machuque. Pode ser até um porco espinho, tá, não existem porcos espinhos nos parques de São Paulo? Mas aposto que eu acharia um. A turma tocando desordenadamente me irritaria em poucos segundos cantando qualquer coisa hype ou Legião Urbana. A saia longa enroscaria em algum galho e rasgaria e, como não pratico o desapego, ficaria puta. As borboletas ou qualquer outro tipo de inseto me atacariam, eu sairia berrando e, talvez, fosse aí que pisaria no porco espinho. Se eu tomasse cerveja, ia querer fazer xixi a todo instante, mas não teria banheiro e se tomasse vinho, teria dor de cabeça. Fim.

Viu? Esse é meu dia no parque com a turma, eu já tentei, me senti mal por não parecer adequada em não gostar, mas é esse o fato, não gosto. Eu sou primariamente urbana. A cidade é feia? O concreto é cinza? Sem graça? Bom, opiniões divergem desde sempre. Eu acho o parque bonito, acho a natureza bonita e a respeito e, justamente por isso, não interajo, porque ela quase sempre me incomoda, assusta e me faz querer gritar. Já a cidade não me faz querer gritar, eu me sinto acolhida, me reconheço, fico tranquila.

Eu gosto de subir no alto dos prédios para ver o céu poluído de São Paulo, gosto de andar na avenida e ver a pluralidade das pessoas. Eu sou uma grande humanista, sou fã do homem e daquilo que ele constrói ou desconstrói [muitas vezes destrói, eu sei]. Cada um escolhe o zoológico que visita ou, com sorte, em qual se vive, eu escolhi o meu.

6 de setembro de 2011

Estrago sem foco

Eu falava para ela que afinal, pra quê me expor? Pra quê mostrar que sou do tipo frágil que sente falta de alguém? Me machucar a troco de que? Nunca dava em nada mesmo, era só uma sucessão de acontecimentos tortos.

"- E você ganha o que se fechando? Você optar em se esconder não machuca tanto ou igual a se expor? Afinal, qual o risco se dói de todo jeito?"

Eu quis citar Los Hermanos e falar que eu gosto é do estrago, mas a verdade é que, além de gostar do estrago, acho que criei, meio sem querer, uma imagem minha um tanto equivocada e agora não sei bem como desfazer. Não sei se para começar, enumero aqui as coisas que não sou ou se começo perguntando para as pessoas o que elas acham de mim e, dependendo da resposta, mando um "mas porquê você acha isso?".

Há quem diga que nos enxergamos pelos olhares dos outros, né? Eu, que tenho astigmatismo, devo projetar imagens desfocadas por ai, talvez seja isso o fruto dessa recorrente falta de foco.