31 de outubro de 2010

Porque que votei nulo no primeiro turno e no segundo mudei o meu voto

Escolhemos o menos pior em muitas coisas na vida, e todo mundo entende como sendo parte, como algo normal, mas há uma coisa exacerbada em algumas pessoas quando se fala em votar no menos pior [coisa essa, que estava em mim também], tem uma supervalorização do voto como se ele só pudesse ser dado a alguém perfeito. Entendam, há diferença entre votar sem pensar e votar em alguém que possa oferecer alguma melhoria, não estou questionando pessoas que votam por pura obrigação, sem embasamento e conhecimento mínimo do voto. Estou falando em escolher um candidato.

Por muito tempo defendi o voto nulo, mas honestamente, o voto nulo só tem validade se houver a coletividade, se muitas pessoas votarem nulo a ponto de anular uma eleição, no demais fica apenas mais uma forma de protesto vazio, tão vazio quanto aos adolescentes que votaram com nariz de palhaço.


Eu busquei conhecer as políticas de governo e propostas dos dois presidenciáveis, tentei mesmo acreditar em um dos dois e escolher um lado, mas nenhum fechava com minhas expectativas PLENAMENTE, nenhum ia de acordo com todos os meus princípios, nenhum era o candidato dos meus sonhos, mas política não é baseada em sonho, né?


Você tem o emprego perfeito e dos seus sonhos? Eu não.


Você tem o namorado [a] perfeito e dos seus sonhos? Eu não.


Você tem a família perfeita e dos seus sonhos? Eu não.


Você tem amigos perfeitos e dos seus sonhos? Eu não.


Você vive em um país perfeito e dos seus sonhos? Eu não.


Você só vai escolher o seu voto quando achar um candidato perfeito e dos seus sonhos? Eu não, não mais.


O meu voto somou +1 para quem venceu hoje, mas se meu voto tivesse somado apenas +1 para quem perdeu, eu torceria da mesma forma por um Brasil melhor e você?

25 de outubro de 2010

born to be...?

Eu cresci ouvindo "para ser mulher, tem que ser bonita e, para ser bonita, tem que sofrer". Então é isso, estamos aí, sofrendo desde 1981, sofremos bem, para sofrer sempre! Faço unha toda semana, corto o cabelo, uso creme para dar volume, faço depilação, sorrio, uso curvex com carro em movimento, passo máscara nos cílios para deixar o olhar marcante, hidrato a pele, faço esfoliação nos pés para mantê-los macios, passo batom, passo lápis nos olhos, durmo de batom para hidratar os lábios, passo creme nas mãos, mas não é o bastante. Nunca é, sabe?

Hoje eu estou usando um esmalte azul [lindo] e uma mulher logo cedo me disse: “menina, homem não gosta de esmalte assim” ah sei, e? “e desse jeito, você não arruma ninguém”. Eu poderia responder, aliás, deveria ter respondido “e desde quando quero um homem que acha que a cor do esmalte que eu uso é mais importante que eu?”, mas óbvio que a tchonga aqui falou “ah, tá” e só.

Então, está bem. Desde quando o negócio é agradar pelo exterior [desde muito tempo, eu sei], mas alguém aí vê essa preocupação nos homens? Eu nunca vejo os caras falando, por exemplo, “não vou usar mocassim porque as mulheres não gostam”. Eles apenas usam, se a mulher gosta ou não, problema dela. Eu gosto dessa ‘força’, gosto dessa atitude nos homens.

Eu não sou contra a vaidade feminina, não mesmo. Mas sou contra a massificação do que é bonito, que deixa as mulheres com cara de quem saiu de uma linha de produção, todas em moldes e desesperadas para tirar qualquer rebarba que fique e, sobretudo, essa necessidade de agradar ao sexo oposto.

Eu juro que tento com todas as forças não me apegar a todos os conceitos atuais de beleza, que tento não me deixar consumir por não ser o padrão, que tento não pirar e fazer uma lipoaspiração no meu cérebro e quase todos os dias eu consigo desviar dessa neurose coletiva em fazer parte do coletivo feminino. Mas como não vou queimar meu sutiã na Avenida Paulista, vou deixar meu manifesto aqui.

Quero mandar para a merda todas as pessoas que não conseguem ver além do óbvio, além da merda de um cabelo liso sem graça, que não conseguem ver além de uma barriga tanquinho, que não se interessam por nada além de uma frase pronta e que não conseguem lidar com nada que seja diferente, inclusive um esmalte azul.

As meninas crescem ouvindo uma porção de coisas que vão moldando o que elas são. Daí a frase “Ninguém nasce mulher. Torna-se mulher”, pois é, ninguém nasce esse poço de referências sobre o que é bonito, sobre o que é aceitável, sobre como uma mulher deve ser. Ninguém nasce achando que será infeliz se não pesar 40 kg ou achando cabelo enrolado feio, sabe? Ninguém nasce assim. A fragilidade das mulheres não está na ausência da força física, mas na pré-disposição histórica em se moldar naquilo que não si mesmas. Think that.



“Ninguém nasce mulher: torna-se mulher. Nenhum destino biológico, psíquico, econômico, define a forma que a fêmea humana assume no seio da sociedade; é o conjunto da civilização que elabora esse produto intermediário entre o macho e o castrado que qualificam de feminino. Só a mediação de outrém pode constituir um indivíduo como outro.” (Beauvoir, Simone)

21 de outubro de 2010

Pliê?

Eu fiz balé acho que por seis anos. Muitas pessoas já conhecem a história: eu tinha pé chato, minha mãe não queria que eu usasse bota ortopédica porque era feio e possivelmente eu seria tachada de Maria João na escola [eu fui de todo jeito, no ginásio] e me colocou em aulas de balé, porque o ortopedista disse que a longo prazo eu teria o pé curvadinho, normal e não cairia tanto.

Funcionou, meu pé é normal. Mas eu odiei e até hoje odeio balé. Tenho péssimas lembranças daquelas aulas, todas associadas às sensações de inadequação e inutilidade. Tudo isso porque eu não tinha coordenação para realizar a merda da pirueta, porque meu coque nunca ficava bonito, porque o cetim da minha sapatilha nunca ficava laçado certo, porque eu conseguia confundir esquerda com direita e ao invés de girar para dentro, girava para fora. Eu sofria [ainda sofro] de dislexia motora, se é que isso existe.

Não bastando isso, eu não tinha aquela postura bonita como as outras meninas, a professora gritava "barriga e bunda pra dentro, peito pra fora e pés abertos" quando ela estava chegando nos pés eu ainda estava tentando prender a respiração. Inadequação, minha gente, total. Eu nunca consegui fazer nada bem feito no balé. Nunca.

Lembram do 'Mano', o pinguim do Happy Feet? Que nasceu em um mundo onde todos cantavam e apenas ele dançava? É mais ou menos isso, só que eu não cantava e nem dançava [ainda bem que minha vida sexual não dependeu disso]. Trauma superado [mentira], hoje percebo que não sou adequada para muita coisa mesmo e, pelo visto, nasci assim, é o meu jeitinho especial, né? [aham]

Bom, todo o esforço da minha mãe e todo meu trauma, foram apenas para eu ter pés normais que não me deixassem cair e funcionou. Eu quase não caio mais, não por culpa dos meus pés.

Devia de ter aula de balé para coração torto também.

20 de outubro de 2010

Tríplice

Eles descomplicam tudo o que tento complicar, pontuam tudo o que elas muitas vezes tentam disfarçar, são como remédios que nem sempre quero tomar.

Homens, enquanto amigos, quase sempre a solução para os meus problemas.







Yuri,
Bruno e Renan



19 de outubro de 2010

Say Ahh*

Eu sei fazer a minha fotossíntese emocional, eu sou craque no jogo da auto-suficiência, mas hoje eu não quero ganhar. Quero perder para admitir que sinto falta da mão na minha nuca no momento do beijo e das conversas desnudas. Quero a minha pele quente com outra. Quero respiração cadenciada, quero sentir toda a energia que há no sexo e quero que tudo pare por alguns momentos. E quando o mundo voltar ao normal, quero alguém que me faça carinho, mas acima de tudo, quero confiar nesse afeto. Não quero alguém para casar comigo e chamar de meu. Mas quero a lealdade da sinceridade mínima que se espera de uma pessoa que a gente dorme. É demais?





*Título da música que ouvia enquanto escrevia, do Dr. Dog.



8 de outubro de 2010

Monkey woman

Eu tenho um monte de motivos para estar feliz, mas aí fica a pergunta de um milhão de doláres ecoando: porque não estou?

"Ah, você pensa muito"
"Ah, você cria expectativas demais"
"Ah, você tem que deixar rolar"
"Ah, você tem que se aventurar mais"

Olha, o dia em que eu não pensar, não criar expectativas e deixar rolar é porque virei uma macaca e devo estar me aventurando nas florestas em busca do King Kong, beijo!

1 de outubro de 2010

1005,5 vezes 2

10

No 5 eu anulo

No 9 vou para cidade grande

No 10 deixo a cidade grande

No 12 lembro que não tem presente

No 14 chego no 29

No 23 tem a pornô-chancheira

No 26 edição, não da minha vida

11

No 17 devo dormir um pouco melhor

No 19 vejo o Rei

No 20 permaneço na Terra

12

Todos os números são indefinidos

Tem uma banca não definida

Tem eu, talvez perdida

Tem um peru vivo a mais por aí

Tem uma garrafa de Cidra a mais no mercado

Y después de todo lo que pasó, voy a bailar un tango