29 de setembro de 2010

0x0

Eu acho que me enrolei no meio de campo e ficou tudo estranho. Talvez culpa minha, talvez sua. Eu não estava preparada para esse jogo, porque nunca houve um time, mas sim adversários... é, acho que foi isso. Cada um tentando o melhor pra si, sem parceria.

Eu não faço parte desse time moderno não, eu tenho limites, meus sentimentos são cafonas e não sei fazer cara de quem não ligou por ter perdido um gol. Eu não sei lidar. Não sou dessas. Então estou tirando o time de campo, porque eu tentei jogar, dei meu melhor, mas eu só atrasei o jogo, tomei falta e ainda saí contundida. E no fim ficou aquele 0x0 e o papo “o time jogou bem, mas não ganhou”... e faço o que com essa conclusão? Nada, né?

Então me faça um favor, só corra para a pequena área se realmente quiser fazer o gol, porque bola na trave não muda o placar, mas arranca a tinta e deixa marca.

16 de setembro de 2010

é só de carne, não tem cimento não...

Sofrer de amor é algo comum, quem não passou por isso, logo passará. Daí como o dia não está sendo muito legal comigo e eu estou meio azeda, lembrei que sofri de amor pela primeira vez quando tinha uns seis/sete anos.

O nome dele era Daniel. Japonês, cabelo lindo, sorriso mais ainda, super inteligente [desde pequena com queda pelos nerds] e eu gostava dele. Eu queria pegar na mão dele e passar o recreio de mãos dadas. Eu não concebia a idéia de pedir ele em namoro, mas acreditava que era questão de tempo para ele tomar a iniciativa, o motivo de eu acreditar nisso?

Bom, sentávamos um do lado do outro, ele sempre me ajudava, era meu par nas atividades e até me dava as suas massinhas que tinham cores de menina. No recreio brincávamos juntos e depois de brincar, ele ficava me balançando no balanço. Ele tomava as minhas dores com o menino mais chato da sala, o Sandro, e no dia que eu o empurrei do trepa-trepa e ele quebrou o braço, o Daniel ficou do meu lado e confirmou para a professora que o Sandro tinha caído sozinho. Eu pensava “O Daniel me ama! Os cabelos dos nossos filhos serão lindos” [criança é babaca, menina criança então... tsc]. Até o fatídico dia: eu no balanço e ele me empurrando.

Ele: - Milla, você conhece a Fulana, né?
Eu: - Hum... conheço [ainda não desconfiando de nada]
Ele: - Queria namorar ela, você pode falar pra ela? [assim, direto]
Eu: - Que? A fulana? [se eu soubesse Maysa com aquela idade, certamente cantaria “Meu mundo caiu”]
Ele: - É, acho ela tão bonita, será que ela quer namorar comigo? Já que você é minha amiga, podia falar com ela, né?
Eu: - [Soco no estômago] Tá... vou ver [e a palavra ecoando “amiga, amiga, amiga”]

Eu não preciso dizer que não falei nada com a menina, né? Ela era a típica garota que os meninos gostam e eu? Bom, eu não era com seis anos e ainda hoje não sou. É verdade, eu sou uma pessoal legal demais para se tornar namorada ou coisa assim. E nem é porque eu tenha genes de garoto, hábitos de garotos, é algo em mim, não sei ao certo o que, porque hoje sou mulherzinha, me arrumo, faço tudo o que a tal menina já fazia com seis anos e bem mais que isso, mas acho que a palavra “amiga” ainda me assombra e eu acabo atraindo isso.

A parte motivadora é que a justiça é feita, às vezes cedo, outras nem tanto. Mas eu fui vingada logo. Alguns dias após o Daniel me contar do amor pela Fulana, nós estávamos fazendo uma prova, imaginem a sala com uns trinta alunos, todos sentados e tensos. O silêncio reinava. A Fulana perfeita tossiu de leve e quando tossiu com mais força, ela peidou [porque soltar pum é eufemismo, né?]. Foi um momento de glória, admito. A sala toda chocada. E eu? Hum, eu gargalhava e pensava “Posso ser só amiga, mas eu não peido em público” Beijos Fulana Perfeita desmoralizada. E o Daniel? Ah, ele me disse que não queria mais namorar com ela, porque não gostava de menina porca.

O acontecimento não mudou muita coisa, porque eu continuei sendo amiga, mas depois fui percebendo que ele me irritava e percebi que o sobrenome dele era horrível, que não ia combinar com o meu e que nossos filhos teriam sobrenomes horrorosos. Assim, pelo bom gosto, eu desisti dele e até hoje tenho resistência com japoneses, peguei trauma, acho.

*Ah sim, eu já quis casar e ter filhos um dia, mas isso passou, assim como o Daniel e outros.

5 de setembro de 2010

o monstro

Estava tomando banho, na verdade sabe quando você já cumpriu todo o papel higiênico do banho, mas fica lá deixando a água cair e fica pensando em coisas que já foram e outras que estão indo, como a água que vai pelo ralo, pois é, eu estava assim agora há pouco. Aí eu lembrei uma coisa engraçada, da minha infância.

Eu, criança, estava tomando banho sozinha há pouco tempo e, como toda mocinha, trancava a porta, óbvio. Então eu estava lá, no auge da minha autonomia, exercendo minha veia adulta, enchendo minha calcinha de água e apertando contra o corpo, porque fazia um barulho engraçado [toda criança já fez isso, né?] e eu ria, eu ria sozinha, achava o máximo. Até que, de relance vejo alguma coisa se mexendo perto da porta, toda minha maioridade foi embora, toda minha autonomia, toda minha alegria e do nada eu comecei a gritar:

- Mãããããeeeeee, socooooooooorro! Socoooooorrro! Tem um monstro imenso aqui no banheiro! Mãããããããeeeeeeeeeeeeee! [veia dramática desde pequena]
- Filha? Filha? Que monstro? Abre essa porta! Porque você trancou a porta?
- Eu sou mocinha mããããe, mas tem um monstro aquiiiii, se eu destrancar a porta ele vai me pegar!
- Aaaai mããããe, me ajuuuuudaaaa!
- Abre essa porta! Anda! Abre!

Eu reuni toda a coragem que tinha dentro da minha pessoa, abri a porta e sai correndo pelada pelo corredor, molhando tudo e gritando:

- Mata o monstro mãããe, mata! Ahhhhh
- Camila... é só um gafanhoto...

Perdi a dignidade, eu sei, mas hoje penso que seria bom poder sair gritando do chuveiro e esperar que alguém matasse os monstros que aparecem no meu momento de reflexão, sabe? Porque parece que nem afogar eles sozinha eu consigo...

Time may change me

decidi mudar o blog.

motivo? cansei das minhas palavras introspectivas e o bowie me apóia.

quer mais que isso?


eu não.

=)
strange fascination, fascinating me
changes are taking the pace I'm going through
ch-ch-ch-ch-changes
turn and face the strange