5 de setembro de 2010

o monstro

Estava tomando banho, na verdade sabe quando você já cumpriu todo o papel higiênico do banho, mas fica lá deixando a água cair e fica pensando em coisas que já foram e outras que estão indo, como a água que vai pelo ralo, pois é, eu estava assim agora há pouco. Aí eu lembrei uma coisa engraçada, da minha infância.

Eu, criança, estava tomando banho sozinha há pouco tempo e, como toda mocinha, trancava a porta, óbvio. Então eu estava lá, no auge da minha autonomia, exercendo minha veia adulta, enchendo minha calcinha de água e apertando contra o corpo, porque fazia um barulho engraçado [toda criança já fez isso, né?] e eu ria, eu ria sozinha, achava o máximo. Até que, de relance vejo alguma coisa se mexendo perto da porta, toda minha maioridade foi embora, toda minha autonomia, toda minha alegria e do nada eu comecei a gritar:

- Mãããããeeeeee, socooooooooorro! Socoooooorrro! Tem um monstro imenso aqui no banheiro! Mãããããããeeeeeeeeeeeeee! [veia dramática desde pequena]
- Filha? Filha? Que monstro? Abre essa porta! Porque você trancou a porta?
- Eu sou mocinha mããããe, mas tem um monstro aquiiiii, se eu destrancar a porta ele vai me pegar!
- Aaaai mããããe, me ajuuuuudaaaa!
- Abre essa porta! Anda! Abre!

Eu reuni toda a coragem que tinha dentro da minha pessoa, abri a porta e sai correndo pelada pelo corredor, molhando tudo e gritando:

- Mata o monstro mãããe, mata! Ahhhhh
- Camila... é só um gafanhoto...

Perdi a dignidade, eu sei, mas hoje penso que seria bom poder sair gritando do chuveiro e esperar que alguém matasse os monstros que aparecem no meu momento de reflexão, sabe? Porque parece que nem afogar eles sozinha eu consigo...

Um comentário:

Lilian Spletstoser disse...

Pois é, matar nossos próprios monstros perde um pouco a graça, viu?!